quinta-feira, 4 de dezembro de 2014

RESQUÍCIOS DE UMA GUERRA

    Que a disputa eleitoral de 2014 não foi um mar de rosas, é notório! Um banho de sangue foi observado até pelo eleitor menos curioso e interessado. O que o país não esperava - e ainda tenta se adequar - é que a polarização permanecesse inerte ao fim do período eleitoral. De um lado a candidata vitoriosa que, incessantemente, busca apoio para promover reformas que considera necessárias ao país; e de outro, o candidato derrotado que, dada a expressiva votação recebida parece não saber muito bem qual o seu papel no atual cenário. 
    Dilma saiu enfraquecida de uma disputa onde esforços não foram poupados para destruir sua imagem de gestora e líder. Houve um sentimento nacional herdado das manifestações de 2013 que, sem sombra de dúvidas, é destinado a toda a classe política, mas faz mais estragos na atual gestão, quer seja ela. A oposição, de posse dessa vantagem automática e gratuita, não deixou passar a oportunidade de acusá-la das mais variadas mazelas. De certa forma, pode-se considerar um tiro saído pela culatra, pois a candidata se reelegeu. Mas o estrago, embora minimizado pela vitória, rendeu à presidenta duras críticas, além do fardo de supostamente "prover" males arraigados na cultura política brasileira desde a primeira caravela aportada no novo mundo.
    O papel da imprensa brasileira foi fundamental no período citado. Houve de tudo: colunista perdendo a linha e a vergonha, grandes jornais deixando transparecer o mantra político de suas redações a cada nova publicação, escândalos das mais diversas naturezas sendo revelados "nos 45 do segundo" graças ao bom jornalismo idôneo brasileiro. A ironia dispensa explicações!
   Antenado a essas questões, o Partido ao Meio foi à luta! Pesquisamos e fizemos um levantamento das capas de outubro dos dois maiores jornais do país. A análise, realizada de 05 à 26 de outubro, revelou não só a polarização, mas a necessidade de uma regulamentação da mídia cada vez mais urgente. Há uma tendência no país a tornar opiniões elitistas e minoritárias em opiniões nacionais. 
   O levantamento mostrou que em 78% das capas, direta ou indiretamente, o jornal deixa claramente exposta sua opinião política. Os dados estão disponíveis para qualquer um nos próprios sites de cada jornal.
Acessem e vejam a real necessidade de o Brasil tem de regulamentar e "ressocializar" a mídia nacional. 

sexta-feira, 31 de outubro de 2014

O INÍCIO DO DIÁLOGO ANUNCIADO

Passada a eleição, os ânimos continuam aflorados. A descrença opositora é indisfarçável e ameaça ser duradoura. Nada que seja alheio à uma democracia! O que fez e faz do Brasil ser o centro da atenção política em tempos eleitorais é a gritante perda de escrúpulos e a curiosidade. A primeira é fácil de entender, dada a repercussão de atos racistas, homofóbicos, étnicos e de toda a natureza sombria. Já a segunda é um misto de pessimismo dos derrotados com uma pitada de revanche, além do imediatismo voraz, exigido pelo mercado financeiro, que teme tudo que não pode prever.

Na quarta-feira (29) o Comitê de Política Monetária do Banco Central (COPOM - Sim, o Partido ao Meio te ajuda com as siglas!), responsável pela manutenção da taxa de juros, decidiu elevá-la em 0,25%, alcançando o patamar de 11,25%. A pergunta do leitor do blog talvez seja "e daí?"! Pois bem, é exatamente onde temos que chegar!
Na eleição o que mais se falou foi inflação, credibilidade da economia, manutenção dos empregos e salários... Errou grosseiramente quem acusou a atual gestão de não ter sabido lidar com a crise econômica mundial. O discurso, quase mantra, repetido inúmeras vezes pela então candidata Dilma Rousseff, frisava a importância de não se ter optado pelo arrocho salarial ou pelas demissões em massa - tal como ocorreu na Espanha, em Portugal, na Grécia - em prol de um modelo econômico autossustentável na medida do possível, e forte o suficiente para enfrentar tamanho problema sem repassar a responsabilidade, que é sabido, sempre caía no trabalhador! O ápice da crise passou, as eleições também! O cenário macroeconômico está se redesenhando a passos curtos, porém cautelosos. Ainda encontramos situações de dicotomia, inerentes às particularidades econômicas de cada país (como é o caso dos EUA que anuncia crescimento de 3,5% no terceiro trimestre, em contradição ao crescimento tímido de 1,2% para o ano, feito pela Alemanha), mas à grosso modo, o pior já passou! O que fez, então, o COPOM aumentar a taxa de juros, que tanto desagrada ao brasileiro? Por que fazer no pós-eleição? Seria uma tática eleitoral defender novos horizontes, mas agir com o velho conservadorismo?

Boa parte das questões apresentadas acima é resultante da enxurrada de interrogações precoces e de intenção duvidosa que nossa imprensa nos enfia, goela abaixo! Mudanças na política econômica já eram esperadas, inclusive encorajadas pela presidenta que anunciou em Setembro, em alto e bom som: "GOVERNO NOVO, EQUIPE NOVA!". Não que a equipe já tenha mudado (aliás essa é outra grande especulação política), mas é importante perceber que a maneira como se tem lidado com a crise está assumindo ares mais...responsáveis! A tentativa de conter a inflação a curto prazo encontrou na alta dos juros a maneira menos agressiva e irresponsável de atingir êxito. Ora, não precisa ser um grande especialista para entender que, aliada às medidas do COPOM, uma redução drástica nos gastos públicos seria o ideal. Mas isso envolve não só tolerância zero à corrupção e revisão de privilégios dos poderes, como também o custo de programa sociais que se mostraram extremamente válidos e benéficos às classes brasileiras historicamente menos abastadas.

Acerta quem aposta num novo mandato mais cauteloso e aberto ao diálogo. Acerta quem aposta num processo de tecnocracia da máquina pública. Infelizmente, a curto prazo é difícil imaginar resolvidos os problemas de aparelhamento de Estado, arraigados nos jardins do Alvorada muito antes da estrela vermelha brilhar no céu de Brasília. Mas a presidenta já acena e flerta com o empresariado brasileiro. Dona da fama de durona que a precede, Dilma pareceu entender melhor que seus adversários ( e isso quem confirma é o povo nas urnas) que a receita é voltar a crescer sim, mas sem abandonar tudo que se conquistou.    

quarta-feira, 8 de outubro de 2014

OS 460.000 VOTOS DE BOLSONARO

O Partido ao Meio abre espaço, ainda (e como nunca antes) em clima eleitoral, para debater as surpresas e os retrocessos da votação do último domingo. Brasileiros e brasileiras, com insaciável desejo de mudança, foram às urnas como quem vai para uma batalha. O objetivo? Renovar! O resultado? Volte duas casas e jogue o dado novamente!

Uma das grandes polêmicas eleitorais de 2014, sem dúvidas, foi a expressiva votação recebida pelo candidato a deputado federal pelo Rio de Janeiro, Jair Bolsonaro. Defendendo a manutenção do seu mandato no congresso nacional, o deputado arrebatou nada mais nada menos que 460 mil votos no estado. Número vultuoso que concedeu a esta figura controversa o posto de parlamentar mais votado do Rio. Uma liderança da classe ultraconservadora (se é que existe essa classe) que se tornou conhecido no país inteiro pela defesa intransigente de ideais pouco populares e que causam revolta, principalmente na classe liberal ligada à defesa de direitos homossexuais e humanos como um todo.

Dono de declarações polêmicas e combatente fervoroso dos que criticam o regime militar, Bolsonaro é militar da reserva e passou por diversos partidos políticos em sua vida pública, até se fixar no Partido Progressista, antigo PPB. É importante ressaltar que, por mais contraditória que pareça esta filiação, o deputado já foi peça integrante de partidos como o antigo PFL, atual DEM, cuja sigla significava “partido da frente liberal”! Ora, o que enxergar de liberal em Jair Bolsonaro? Católico fervoroso, é divorciado de sua primeira mulher, ataca constantemente políticas raciais e de inclusão social. Também se gaba de ser um ferrenho crítico ao atual governo e às políticas que promovem investigação dos crimes cometidos durante a ditadura, como a criação da Comissão Nacional da Verdade (CNV). Pai de três filhos que seguem como uma receita de bolo seus passos, soube educar e guiar a sua maneira Flávio, Eduardo e Carlos. O primeiro reeleito com mais de 160.000 votos pela câmara carioca. O segundo, dono de 82.000 votos de paulistas que lhe concederam uma cadeira de deputado federal, tal como o pai. Por último, Carlos, vereador quando ainda tinha 17 anos. Todos compartilham as ideologias do pai. Claro, não podia ser diferente!

A grande questão que o Partido ao Meio coloca em debate é a motivação de cada eleitor que, desgostoso com os rumos do país e sedento por renovação e progresso, vota em caricaturas como Bolsonaro! E bate no peito! Temos mais ultraconservadores nos cercando do que supõe nossa vã filosofia? O brasileiro, então, quer varrer do mapa gays, negros, ateus, agnósticos e, acima de tudo, progressistas que defendam o real significado da palavra?

Não podemos confundir os reais anseios da população com a alteração de ânimos provocada por uma ausência cada vez mais gritante do Estado. Isso quer dizer que o eleitor de tipos como o de Jair Bolsonaro não é tão conservador, em sua maioria! O que ocorre é que a população, cansada de tanto descaso por parte do poder público, começa a achar natural a defesa de ideias extremas que tragam uma aparente e instantânea resolução para problemas seculares. “Se as cadeias estão lotadas e as condições de vida de cada preso cada vez mais desumanas, nada mais justo que a punição máxima com quem atentou contra a sociedade”


Casos como este – e somam-se a ele Celso Russomanno, Marco Feliciano e tantos outros – escancaram uma sociedade cada vez mais perdida, desacreditada, com perigosa tendência à práticas nocivas ao estado democrático de direito e que, acima de tudo, reivindica por reivindicar! Se nossas falhas não forem corrigidas, se nossos antagonismos e diferenças sociais históricas não forem combatidos, de que adianta sair às ruas e protestar? Embora tardio e limitado à esfera do poder executivo, o segundo turno cai como uma luva para os que cogitam estudar melhor suas escolhas. Brasileiros de todos os cantos, eis a segunda chance!

sexta-feira, 3 de outubro de 2014

O DEBATE DOS ABSURDOS

Dezenove pontos no ibope foi a marca atingida pelo debate presidencial ontem, transmitido pela Globo. Uma marca boa para a faixa de horário. Um verdadeiro show, digno de uma campanha do Criança Esperança ou do Show da Virada. Valeu a pena ficar acordado e assistir talvez o único programa de utilidade pública do horário nobre!
Não que o brasileiro estivesse esperando o debate para definir seu voto - pelo menos espero que não, pois se aquele debate definiu algum voto, este se chama nulo! – mas foi, sem dúvidas, mais uma oportunidade de encarar candidato por candidato e entender o que se passa na cabeça deles, qual o tamanho da pretensão que cada um tem ou de dizer que o país está ótimo ou que está péssimo e se tem a fórmula mágica para o sucesso.
De um lado, o semi projeto da direita brasileira chamado PSDB que, desde a ascensão e consolidação do PT, vive dias de confusão mental e crise de identidade. Não sabe o que é, a quê veio, para onde vai... Atrás dos tucanos, os candidatos “mijoritários” que, sem medo de parecer leviano, acredito piamente que o único propósito de estarem ali é minar o partido da situação. Ahhh, o partido da situação! O PT, de todos estes, talvez foi o que mais sofreu com a gênese da existência política. Aliás, peço desculpas ao conceito de “gênese”! Chamar de evolução o que acontece por aqui não parece ser o mais adequado! Historicamente criado com o intuito de representar o trabalhador na política, foi alvo de subtrações de valor, e de valores($$). Um partido de ideais, cuja reputação ilibada agora beira ao ufanismo. Não destaco o PSDB com a mesma ênfase, pois ninguém se transforma numa coisa que sempre foi!

Mas vamos nos ater ao debate!  Entre aplausos infundados à gestão FHC e troca de farpas que mais pareciam pedaços de madeira inteiros, eis que num momento tenso Eduardo Jorge usa de seu direito de fala para incitar Levy Fidélix a se desculpar com a população pela fala preconceituosa no debate da Record, no último domingo. Fez o barulho que queria, mas se a intenção era ouvir a desculpa, foi muito inocente!
Daí vem o Aécio, movido a agressividade característica de um tucano que não sabe bem se caiu no ostracismo ou se ainda tem chances de sobreviver, e levanta um vigoroso dedo contra a candidata do PSOL, Luciana Genro. Esta, por sua vez, rapidamente o repreende e a situação se controla. No mais, era Dilma que se defendia e criticava o Aécio (sim, o Aécio! Das duas uma: ou o PT leu “O Segredo” e de tanto acreditar que é mais fácil enfrentar Neves no segundo turno do que Marina, já toma a possibilidade como real, ou sei lá...uma vontade de se divertir), era Aécio que dominava a arte de rir nos momentos mais impróprios, era Fidélix que interpelava Genro com uma autoridade patriarcal, vulgo esporro!

Aconteceu de tudo um pouco neste debate. Mas a única coisa pra qual ele não serviu foi esclarecer! Mente quem afirma que decidiu seu voto ontem (repito: a não ser que a decisão tenha sido pelo Macaco Tião). Domingo é dia! É evento pra reunir a família em torno do sofá e gritar gol, da janela, pra cada percentual alcançado.


Vote no domingo, faça o possível! Se é mudança que você quer, experimente focar no legislativo. Presidente não muda nada, só dá a direção! Quando dá! O brasileiro pode provar que é inteligente. Não votado no Aécio pra acabar com a Dilma, e vice-versa. Mas pra entender que mais vale uma Dilma governando do que um Tiririca “palhaçando”.

terça-feira, 2 de setembro de 2014

Onde está Lula?

Sem a menor dúvida, o país vive o momento mais intenso e perturbador de uma eleição, desde a redemocratização! As farpas foram substituídas por espadas que, por sua vez, são empunhadas com ferocidade vista somente em batalhas. E que batalha! A quase um mês do primeiro turno das eleições, paira uma estranha dúvida no ar: onde está Lula?
  Presente - direta ou indiretamente - nas eleições presidenciais desde a redemocratização, Lula se consagrou chefe do executivo em 2002 e, desde então, o cenário político nacional voltou sua face ao agrado do ex-presidente. Pragmático, bem relacionado nacional e internacionalmente, soube alinhar política externa brilhante com o atendimento aos anseios da população que, assim como ele na infância, não prosperou num país desigual e marcado pela hegemonia dos grandes blocos econômicos. Lula, impossibilitado pela constituição de concorrer a um terceiro mandato, vê-se obrigado a preparar um herdeiro político para 2011. Nasce Dilma Rousseff. Ministra Chefe da Casa Civil, menina dos olhos de Luiz Inácio. De um lado, a austeridade administrativa imputada pela ministra na pasta, de outro o barulho cada vez mais incômodo e audível no exterior de outra ministra. Marina Silva, assim como Dilma, se projetou mundo afora comandando a pasta do Meio Ambiente na Gestão Lula. Agressiva em suas posturas, a atual candidata demostrava certa intransigência quando o assunto era flexibilizar decisões ambientais em prol dos interesses madeireiros ou do agronegócio. Impensavelmente, Marina e Dilma têm personalidades que mais as igualam do que as diferem. Talvez o antagonismo envolto nesse duelo se resuma, unica e exclusivamente, à natureza do tema defendido.
  Marina se retirou do Governo Lula por não ser ouvida. Dilma se fortaleceu fazendo suas as palavras do presidente. Marina se tornou uma esquerda da esquerda, fazendo oposição a direita oficial e a centro-esquerda de Lula e Dilma. Dilma tentou, de maneira vã, equilibrar a defesa de grandes interesses corporativos com políticas sociais mais abrangentes e ambiciosas. Eis o atual cenário: a presidente se encontra numa situação econômica nada agradável e pouco disfarçável, e Marina se tornou "a terceira via do povo", com claras chances de destituir o Império PT. Claras e muito maiores, diga-se de passagem, comparadas às de Aécio Neves, que provavelmente também morreu naquele avião! Politicamente falando!
Mas é importante alertar que Marina Silva não é a mesma de 2010. Aquela não veria na herdeira do Itaú, o bode expiatório para seus sonhos mais escondidos. Aquela não aceitaria pitaco de um tal de Malafaia...
Já esta parece ceder às pressões da "velha política".
  Mas nosso foco não é este! O que está em questão é muito mais curioso que isto. Com Marina despontando nas pesquisas (alguns sugerem, inclusive, que Aécio Neves pode desistir da candidatura a fim de alavancar a vitória de Marina já no primeiro turno), Dilma parece estar entre a cruz e a espada. Atacar Marina seria audacioso e ingênuo, se partido de alguém com 79% de rejeição. Aplaudi-la seria um tiro no próprio pé. Diante disso tudo, surge a pergunta: onde está Lula? Onde está o pé de coelho oficial do PT? Que estratégia seria essa de aparente omissão frente a crescente onda de renovação da política nacional. Lula parece estar inerte assistindo aos capítulos finais de uma novela que não termina bem para seu partido. Seria um plano? Talvez a velha raposa já tenha jogado a toalha?
  Quer seja o desfecho dessa história, a pior aposta seria desconsiderar o poder e a habilidade do ex-presidente em contornar situações aparentemente perdidas. Vale lembrar a eleição de Haddad em SP.
Façam suas apostas: Setembro promete!

segunda-feira, 18 de agosto de 2014

Sucessão da Tragédia

Após um longo período de reflexões e, por que não dizer, de ampla maturação da política brasileira, volto a escrever sob a luz dos últimos acontecimentos. Foram dias de total turbulência, incertezas múltiplas e fracasso vertiginoso de qualquer avaliação prognóstica que ousou arriscar o futuro do país.

Em questão de dias, perdemos um presidenciável que respondia por 8% das intenções de votos e vimos o país se converter em pena e incredulidade. Historicamente, o brasileiro padece pelas perdas de seus líderes. No próximo domingo, o suicídio de Vargas completa 60 anos; na próxima sexta, após 38 anos, a morte de Juscelino ainda soa incrédula e mal explicada.
Agosto sempre reservou surpresas para a incipiente república! A renúncia de Jânio Quadros, pode-se dizer, levou o país ao instável governo de Jango, que culminaria mais tarde no Regime Ditatorial. De todos os fatos, cuja característica predominante é a surpresa, nenhum ocorreu em meio a tamanha reviravolta política como a morte de Campos. Um voo mortal ratificou para a eternidade o nome do político pernambucano na história nacional. Sem desmerecer o ilustre legado político da família Arrais, o que se ouve agora é a falta que um político de vigorosos e modernos ideais fará a um país que sempre acaba tendo que escolher entre duas vias.

Passado o abalo causado pela tragédia, é o momento de analistas, políticos, curiosos e descrentes sentarem e darem vez ao pragmatismo. A imprensa toma por certa a nomeação de Marina Silva pelo PSB, como sucessora natural de Campos. A mesma Marina Silva, responsável por abocanhar 20 milhões de votos (19,33% dos votos válidos) em 2010, e levar a decisão presidencial para o 2º turno.
Dessa vez, seja por confluência dos astros ou por mera cagada no jargão popular, ela volta ao jogo político muito mais forte do que era como vice. A pesquisa Datafolha publicada hoje outorga a Marina 21% das intenções de voto, contra estáveis 36% de Dilma e temerosos 20% de Aécio. Vale lembrar que a pesquisa foi realizada imediatamente após a confirmação da morte de Eduardo Campos.

O que o brasileiro precisa refletir agora é simples: quem é Marina? O que ela tem de diferente da Marina de 2010? Vale lembrar que estamos lidando com a candidata, cuja história pessoal mais se aproxima da do ex-presidente Lula. Não parece nada, mas a gente sabe onde essa história de superação pode dar!
Evangélica de criação e defensora de posições retrógradas em relação ao aborto, por exemplo, a candidata emergiu como a personificação da famigerada “terceira via”, como uma alternativa para o fim do dualismo PT-PSDB. Sua história de luta se originou no combate aos vilões ambientais e, como ministra do meio ambiente no período Lula, foi enfática ao afirmar que o modelo de desenvolvimento praticado era não só incipiente mas também retrógrado e perigoso para o futuro do país. Entrou para a estatística dos ministros “caídos”. Agora trata-se de uma candidata com reais chances de ganhar a corrida eleitoral! E pasmem: sem roubar votos de ninguém.

No comparativo das duas últimas pesquisas do Datafolha, os candidatos Dilma e Aécio não possuem variações consideráveis que expliquem a ascensão de Marina Silva. Parece que o exército dos indecisos encontrou a terra prometida e viu em Marina a ilustração da validade de um voto.

Pois é, caro leitor: em uma semana um presidenciável morre, a política brasileira passa dias de limbo, transformam uma vice inexpressiva em uma real candidata com reais chances de vitória num segundo turno, que é cada vez mais certo, e nós, meros mortais ou meros observadores, embora tenhamos faca e queijo nas mãos, também não podemos arriscar o que acontecerá até 5 de outubro. E agora, quem dá as cartas?      

sexta-feira, 28 de março de 2014

50 Anos do Golpe: Da aceitação à crise

O que a literatura brasileira ensinou para as gerações posteriores ao Golpe de 64 ainda é - e provavelmente é o que sempre prevalecerá - a "versão oficial" da sociedade brasileira. Isso significa dizer que, a partir do momento que a versão de um golpe é contada, toma-se como verdade a submissão de toda uma sociedade imposta aos desmandos militares. Caro leitor, e se dissermos que nem sempre foi assim? Hoje, o Partido ao Meio fala do início da era militar na história recente. Humberto, Artur, Emílio...os nomes pouco familiares para a história nacional, escondidos por trás de sobrenomes carregados de significados!

Na última leitura chegamos ao início do Golpe, com Castello Branco...o Humberto aí de cima! Não é o início da repressão porque não há repressão sem imposição. E a palavra imposição não pode caracterizar aquele período. Uma larga camada da sociedade brasileira era a favor do golpe, ou revolução, como era chamado o ato. Parece coisa de norte americano mas é verdade: o Brasil tinha medo do comunismo e todos que eram contra os privilégios da elite ou que, pelo menos, queriam fatiar o bolo, eram taxados como comunistas. Em entrevista a uma rádio, pouco tempo após o golpe, o então governador do Estado da Guanabara, Carlos Lacerda, pronunciou palavras de claro apoio à "tomada das rédeas da pátria" por parte das forças armadas. De fato, Castello Branco não representava nem parte do que veio a ser a ditadura com Costa e Silva. Claro defensor da linha dura do regime, Artur Costa e Silva distancia ainda mais o país do retorno à democracia. Nessa altura do campeonato, o leitor pode imaginar o que foi feito com JK, Jango e cia? Pois é, todos exilados, com direitos políticos cassados e alguns, como é o caso de Jango, com processos criminais nas costas. Neste momento, a sociedade já estava nas ruas. Estudantes, comunistas, não-comunistas...até quem apoiou o regime, sentiu-se de certa forma traído, como foi  caso de Lacerda. A sociedade não tinha apoiado o que estava acontecendo.
Nesse meio tempo a economia ia bem, os investimentos estrangeiros no país eram vultuosos e a organização econômica da ditadura contava com nomes de peso como Denfim Netto na pasta da Fazenda. Foi no governo de Costa e Silva que foram baixados os famigerados atos institucionais, inclusive o temido AI-5 que suprimira liberdades individuais e direitos políticos, dando acima de tudo, mais poder à ditadura.

Acometido por uma trombose, Costa e Silva é substituído pelos militares e tem início outra fase da Ditadura Brasileira: a era Médici. A intensificação da repressão aos atos contrários ao governo marcou o mandato do 3º militar a ocupar a chefia do Estado Maior. O que se observa neste momento é uma tentativa gradual do governo de trazer a população novamente para o lado do poder. Com alto apelo publicitário, a intenção era enfraquecer os movimentos populares que tentavam minar toda a supressão de direitos iniciada com o endurecimento da ditadura. Estávamos no auge do milagre econômico. O país era um canteiro de obras que e de investimentos. A economia crescia a taxas elevadas e os movimentos de guerrilha eram gradualmente desorganizados pelo governo.

No próximo texto: Geisel, a conta do "milagre econômico bate a porta, Figueiredo e a abertura política. Acompanhem!

quinta-feira, 13 de março de 2014

50 anos do Golpe: A ascensão da ideia.

O Partido ao Meio, ao longo deste mês, irá relembrar o inesquecível! Depois de 50 anos do Golpe Militar de 64, o país parece viver, de certo modo, a mesma realidade - guardadas as devidas proporções - que possibilitou a ascensão militar ao poder. Uma série de quatro textos que reavivarão na sua memória, leitor, como foi possível "adormecer o gigante" por tanto tempo. De situação à oposição coagida, a esquerda brasileira se tornou alvo das taxações norte-americanas, e pasmem, brasileiras também. Numa época em que falar em reforma agrária ou direitos de classes mais pobres era "coisa de comunista", não sobrava clero nem classes abastadas brasileira que não fossem favoráveis à "tomada das rédeas" por parte da forças armadas.

Para que o texto não seja um resumo de uma aula de história, conto com o ensino médio de todos para passarmos batidos por detalhes óbvios!
À época, Jânio Quadros era o presidente eleito, democraticamente(para os quesitos de democracia da época), e da mesma maneira, João Goulart - por eleições separadas - seu vice. Tudo corria mais ou menos bem abaixo dos trópicos quando Jânio decidiu vagar a cadeira presidencial achando que o povo lhe daria "cobertura". Dito e não feito! Jânio entrega a presidência para o vice, que enfrentou percalços até chegar ao poder. Com a retórica combativa de Jango, a elite brasileira não olhava com bons olhos para os planos do presidente. Como se não bastasse sua tendência para setores menos favorecidos, os norte-americanos estavam ávidos para arrematar mais uma democracia sul-americana. Como é sabido por todos, quando os americanos querem...
Dito e feito. Jânio renuncia durante uma viagem de Jango à China, reino do comunismo para a direita brasileira. Os militares impedem que Jango tome o poder e, há relatos de que o presidente permaneceu em São Borja, seu reduto, até que o parlamentarismo fosse implantado no Brasil. Sim, fomos parlamentaristas! Por pouco tempo, porque não colou! Por plebiscito o Brasil escolhe voltar ao regime presidencialista. Por pouco tempo, porque não colou(2). Dessa vez para os militares, ricos e pasmem, para o clero! Estes setores não podiam permitir que um governo que acenava para a China comunista, comandasse o país. Tem início o Golpe Militar de 64, ou contrarevolução como gostam os militares!

Castelo Branco toma as rédeas do poder, mas isso é papo pro próximo texto. Terminaremos este, narrando o fim trágico e insólito de João Goulart! Como se não bastasse sua expulsão da capital federal, Jango é julgado e acusado pela junta militar de crimes contra o Estado. Leitor, MÁXIMA atenção ao trecho que segue: "corrupção administrativa; aplicação indevida do dinheiro público; concessão de vantagens, favores e privilégios a apadrinhados e a organizações de classe que (...) conturbavam a vida nacional (...); diluição do princípio de autoridade e solapamento das instituições.". Esta é a transcrição dos crimes pelos quais Jango foi acusado, retirada dos arquivos da Fundação Getúlio Vargas. Peço que você reflita, sem pensamentos tendenciosos, a respeito de uma questão: estaria a esquerda brasileira fadada eternamente à autoria de crimes como os descritos acima ou estamos nós fadados à uma direita que não "muda o disco"?
Jango passa brevemente em Porto Alegre para estar com seu cunhado e ex-governador do Rio Grande, Leonel Brizola, e em seguida, segue para o exílio no Uruguai. Em seus últimos anos de vida, o ex-presidente passa a morar na Argentina onde falece vítima de um ataque cardíaco que, anos depois, nos remete aos casos mais bem orquestrados de Hollywood. A CNV(Comissão Nacional da Verdade) exuma os restos mortais de Jango para apurar fortes indícios de assassinato, devido à alteração da medicação tomada por ele. Mais uma da Operação Condor, cuja razão de existir era pura e simplesmente para promover a cooperação mútua entre as ditaduras sul-americanas.

Fatos como estes não aconteceram para serem deixados na história. A crueldade, bem como o abuso de poder que decorre da própria crueldade precisam ficar em nossas memórias para que saibamos diferenciar liberdade e resignação. Para que saibamos valorizar um voto, um direito e uma escolha! Por hoje é só.  

terça-feira, 18 de fevereiro de 2014

Devaneios da Imprensa Brasileira

Desde que o mundo é mundo, parece que o grande prazer da humanidade - ignorados os prazeres carnais - é contar! De que vale saber, sem poder espalhar? De que adianta ser o detentor da notícia se você pode ser não só o possuidor da fonte mas também o meio de propagação? Infelizmente, e como tudo que tem natureza pura, há uma tentativa constante de quebra da legitimidade das coisas. Não por vontade deliberada, mas no sentido de atender outros interesses que se colocam "mais importantes" no momento. O Partido ao Meio fala hoje do boicote promovido pelos meios de comunicação à Marcelo Freixo, deputado do Rio de Janeiro.

Aqui no blog, a palavra de ordem sempre foi informar. Informar para não alienar, informar para gerar compreensão, informar para gerar dúvida e curiosidade, etc. Dessa maneira, não estamos fadados à promoção pessoal, tampouco à promoção de terceiros(leiam-se políticos). Marcelo Freixo tem uma trajetória na política nacional e, principalmente na política carioca, que deixa a desejar qualquer outra trajetória oponente. Ligado aos direitos humanos e a extrema-esquerda, o deputado parece refletir o desejo de uma ala importante da sociedade: que o dizer "otário" na testa de cada cidadão seja apagado, ou pelo menos substituído por um..."atento"! A intelectualidade carioca, bem como demais deputados e militantes políticos se indignaram frente aos últimos acontecimentos que tentaram ligar a imagem de Freixo ao atentado contra a vida do cinegrafista Santiago. Digo atentado porque ninguém porta um artefato daqueles sem assumir, ou pelo menos ter consciência, da possibilidade de que aquilo cause danos graves à terceiros. Pra quem desconhece o fato: uma ativista que oferecia apoio jurídico aos envolvidos na morte de Santiago, alegou que um destes envolvidos tinha ligação com Freixo. Informação que foi logo refutada pelo próprio envolvido nas seguintes palavras: "Agora, com mais calma, tenho certeza de que usaram o nome do deputado indevidamente". O fato foi noticiado em larga escala pela mídia impressa e televisionada, com ênfase na toda poderosa Rede Globo, que na edição do JN de ontem, disse "respeitar e compreender a posição do deputado" mas que, em outras palavras, ela não faria diferente porque o negócio é a notícia!

Caros leitores, pensem comigo: eu me lembro, há pouco, de ver a Rede Globo comemorar 40 anos de existência. Qualquer aluno de 2º grau pode fazer esta conta e perceber que a referida emissora sobreviveu - e muito bem, diga-se de passagem - à ditadura brasileira. Quem sobreviveu à ditadura brasileira ou se exilou, ou se calou, ou tinha costas quentes. Creio que, no caso, "costas ferventes" e silêncio fazem mais sentido! Portanto, não é de se esperar que uma empresa que, assim como Sarney, quer se perpetuar no poder, use de artimanhas como essa para continuar sendo líder no segmento. "Eu brigo com o ministro do Exército, mas não com o Roberto Marinho", disse Tancredo Neves em certa ocasião!

Leitores: em tempos de eleição, principalmente em tempos de eleição, temos que verificar a mesma notícia em 2, 5, 10 meios diferentes. Se possível, checar a imprensa internacional, ler blogs alternativos. A informação, ao contrário do que se prega, está em toda parte. Resta, a quem a recebe, o discernimento para julgá-la coerente ou não. Vejo notícias e mais notícias escandalizantes a respeito dos mais variados ocupantes dos três poderes, por exemplo. Mas, sinceramente, apelo para o seu bom senso: uma campanha, às vésperas da eleição presidencial, para tachar a candidata melhor colocada nas pesquisas, como lésbica, altera seu caráter? Faz dela uma pessoa menos apta para ocupar a chefia do executivo nacional? Vamos nos ater ao que, de fato, toca nossas vidas. Proponho um desafio de consciência: imagine-se como candidato a qualquer vaga eletiva. Agora imagine seu passado destrinchado e escancarado ao eleitorado. Não estou insinuando que você, nobre leitor, tenha realizado feitos negativos que até Deus duvida. Mas, cá entre nós, ninguém se orgulha de tudo que já fez na vida! Portanto, usar destes artifícios não seria um "golpe baixo à sua candidatura, leitor? O papo pode parecer piegas, mas não é verdade o ditado de não fazer com os outros aquilo que não se quer sofrer? Por hoje é só.

quinta-feira, 6 de fevereiro de 2014

Remissão pela Omissão

Em certos aspectos da vida cotidiana, a sua posição em relação aos fatos não pode ser ambígua. Casos "brotam" no dia-a-dia e a imprensa - que de boba não tem nada - faz questão de imprimir na cabeça de cada pessoa uma "opinião coletiva", que se não é coletiva passa a ser a partir dali. São os tempos onde, quem chega primeiro portando a informação, vence - quer seja a informação! O Partido ao Meio vai tratar de um tema extremamente polêmico que precisa da sua atenção!

Noite de 31 de Janeiro, bairro do Flamengo, zona sul do Rio. Quatorze homens - ou mais - autodenominados "justiceiros",  detém um adolescente que, supostamente, praticava pequenos furtos na região. Este cidadão é agredido e preso nu a um poste, amarrado por uma trava de bicicleta. A notícia choca, evidentemente! 
Automaticamente, temos o impulso de julgar a ação dos "justiceiros" e a própria conduta do adolescente, sem conhecer todos os fatos que podem influenciar um "parecer" correto sobre a situação. Mas vamos partir do famoso senso comum! Quem mora ou frequenta a área do Flamengo, Catete, Glória e redondezas, sabe que a coisa mais comum que existe na região é a presença de moradores de rua, profissionais da noite, ladrões e drogados. A frase choca pelo preconceito porque parece que englobamos todas essas pessoas num grupo só! Não é verdade, estamos simplesmente apontando a frequência(principalmente noturna) da área que, de fato, gira em torno dessas pessoas. 
Dito isso, também é certo afirmar que os mesmos moradores e frequentadores desses bairros sabem que policiais e demais "controladores da ordem", deixam a coisa correr solta na região. Talvez por omissão, talvez por ocasião, mas com certeza por falta de políticas públicas de remoção, de assentamento, de restruturação e reinclusão na sociedade, etc.

Pois bem, sabemos quem são e como vivem! Grande parte dos casos de assalto e violência que ocorrem por ali são atribuídos, corretamente por sinal, a essas pessoas. O caso acima descrito representou o "copo transbordando". O que isso quer dizer? Pessoas, que uniram suas insatisfações e seus "sacos cheios" em relação aos desmandos do poder público, e decidiram agir por conta própria. O garoto apanhou, ficou nu, foi preso ao poste - e lendo isso a gente acha que a violência foi essa! Caro leitor, violência, na sincera opinião do Partido ao Meio, é ter o direito de ir e vir cerceado. Violência é sair com sua namorada a noite e ver nos olhos dessas pessoas o desejo de roubar, de ferir, de traumatizar. Sim, porque representantes de ONG's e dos Direitos Humanos alegam que essas pessoas são fruto da ingerência do Estado brasileiro e do esquecimento da sociedade. Alegam que elas têm fome e por isso cometem tais atos. Ora, o que se vê nos Estado do Rio de Janeiro hoje em dia, não são assaltos cuja intenção ou o impulso são atribuídos á fome. São pessoas violentas, que roubam por roubar, que matam com a facilidade de quem estoura um balão de aniversário e que, acima de tudo, sabem que o problema vai ser tratado como uma causa social, um problema de classes, e que por isso irão continuar a cometer tais atos.

Não devemos nos espantar caso o exemplo dos "justiceiros" seja replicado pelo país afora. Erraram por combater violência com violência, o que poderia nos levar a um estado de lei marcial. Mas, em contrapartida, mostraram para este meliante e para os demais que coisas desse tipo podem sim acontecer e que punição também existe para além do poder público. Frase de uma jornalista brasileira: "O Estado é omisso, a polícia desmoralizada, a justiça é falha, o que resta ao cidadão de bem (...)? Se defender, claro!" E ela completa alegando que, na opinião dela, o que ocorreu foi "legítima defesa coletiva de uma sociedade sem Estado contra um estado de violência sem limite".

Justiceiros: invadam Brasília! Por hoje é só. 

terça-feira, 14 de janeiro de 2014

O Maranhão e o Brasil

A bomba explodiu! Aquele tipo de assunto inconveniente que recebe o sorriso negligente de todos os responsáveis por ele, decidiu aflorar e mostrar para a sociedade brasileira que não se faz nada sem segurança pública. Da insegurança, o medo! Cidadãos acoados em casa, crianças sem aulas nas escolas. O trabalhador que sai de casa, mais uma vez não sabe se volta. Seu ônibus pode ser queimado, a bala perdida pode lhe encontrar, o próximo refém da incapacidade política pode ser ele. Maranhão é o tema de hoje no Partido ao Meio!

Maravilhosas terras cortadas por dunas, águas cristalinas e conhecidas pelos famosos lençóis. O Maranhão sempre foi destino certo de turistas estrangeiros e dos de casa também! O que é ofertado ao visitante foi e ainda é um Maranhão de contrastes, porém um Maranhão onde os atrativos turísticos prevalecem sobre as mazelas. Terra de coronelismo da Família Sarney que controla a comunicação no estado e, por consequência, a política também!  Sarney foi governador do estado em 1966 e desde então, os desmandos dos Sarney não tiveram fim. Interessante, pra quem não sabe, é que o digníssimo senador em questão tem seu mandato a serviço dos cidadãos do...Amapá! Pois é, José Sarney não é senador pelo estado do Maranhão. Choca perceber (e daí a gente entra na velha questão da reforma política) que os votos que elegem um senador amapaense, provavelmente não são o suficiente para eleger um prefeito de uma grande cidade paulista, por exemplo! Sarney é raposa velha na política e, como tal, fez o dever de casa de maneira a garantir que os seus também fossem raposas no emaranhado político nacional. Uma delas: Roseana Sarney, atual governadora do Maranhão, está herdando e colhendo os frutos de anos de incompetência administrativa imputada pela própria família dentro das paredes do Palácio dos Leões, sede do governo estadual. Entenda a crise: o sistema prisional do estado reflete a realidade carcerária nacional. São detentos e mais detentos que se aglomeram em celas cuja capacidade está extremamente aquém da necessária, cujo grau de periculosidade de cada um não é levado em conta para que ocorra uma triagem de segurança (que colocaria presos mais perigosos separados de detentos de menor periculosidade. A questão é muito importante, caso contrário corre-se o risco de "piorar" a índole de ladrões de galinhas deixando-os em contato com ladrões de orgãos, de virgindades, de dinheiro público, etc). A grande questão é que essa situação não é novidade, nem lá nem no resto do país. Prisão (do latim vulgar prensione, derivado do latim clássico e popular prehensione - ato de prender - pela também vulgar expressão latina presionepara ensinar, dar aula   
De posse da definição da palavra, caro leitor, convido-o a refletir comigo: é esse o objetivo final de uma prisão brasileira? Corrigir? Educar? O problema evolui de uma tal maneira que chega a ser surpreendente que uma população tão castigada e privada de escolaridade de qualidade, como a do Maranhão, mesmo se deparando com problemas de segurança pública dessa natureza, ainda apontam que a principal mudança almejada por eles na sociedade maranhense é a educação. Ora, a imprensa num raro lampejo de sinceridade, mostra escolas inauguradas no estado com o sobrenome Sarney estampado em suas fachadas, que nunca receberam a visita de um professor, sequer. 

Apresentado o problema, o Partido ao Meio questiona os métodos e fornece as soluções! O ministro da justiça, em encontro recente com a governadora, traçou modestos planos a serem cumpridos para superar a crise. Ministro, o caldo derramou no Maranhão, mas o problema é geral! O que se viu lá foi investimento zero em construção e adaptação de carceragens, mas em outros estados a situação não é diferente. Estamos falando em dar conforto para bandidos? De forma alguma! O conforto tem que vir para o cidadão em saber que os meliantes de sua sociedade estão num lugar que não oferece riscos aos seus filhos, e num lugar onde, ao fim da pena, saírão pessoas totalmente diferentes das que entraram! Vejam o caso de Sorocaba que cuida e mantém seus belos jardins públicos às custas do trabalho braçal de detentos, que por sua vez recebem atenuantes nas penas. Solução tem! Mas sei lá né...preso vota? Você já viu uma urna eletrônica dentro do presídio? Ou melhor, você já viu político sendo eleito porque construiu cadeia? É igual esgoto, nobre leitor: pra quê o político vai investir em rede de esgoto se o nome dele não poderá ser estampado no cano? Ou melhor, poderá, mas quem vai ver debaixo da terra? Mais uma vez a gente chega a conclusão que   nos atormenta: a culpa ainda é nossa! É nossa, que adquirimos alzheimer no período eleitoral, é nossa que  sempre preferimos solução imediatista para problema secular. É nossa que encabeçamos uma pesquisa de intenção de voto no estado do Rio de Janeiro com Anthony Garotinho e César Maia! Enfim, por hoje é só! 

segunda-feira, 13 de janeiro de 2014

Feliz Ano Velho

Pra quem achou que o Partido ao Meio se calaria em ano de eleição, esqueça! Estamos no jogo e agora que o jogo vai começar, de fato! No ar, com muito orgulho e sem nenhum viés, o Partido ao Meio 2014! Não podemos prometer coisas novas, afinal, a política brasileira é uma sucessão de mesmices! O que dá pra fazer é levar você, leitor, a analisar cada situação de um ângulo impensado, que faça tanto sentido quanto o futebol de cada quarta. Pra início de conversa, grave esses nomes: Dilminha, Aécio Never, Marina Forever Alone, Eduardo Campos(???) e o sempre presente, Sr. Burns, vulgo Zezé Serra.

Vou começar a postagem comentando a respeito de um e-mail que recebi de um amigo colaborador. O e-mail relata, de maneira verídica ou não, a "grande jogada" de Aécio Neves intitulada "aula de oposição". Como se houvesse oposição no Brasil desde que Lula deixou de ser, o texto de pura pretensão literária revela que o tucano apresentou projeto de lei que torna o Bolsa Família (famigerado programa de assistência social) um projeto de Estado, ou seja, não é mais do PT ou então não pode mais ser retirado pelo PSDB. Os adoradores de Aécio Neves vibraram porque, num cenário otimista para o tucano, a medida representa um beco sem saída para a presidente Dilma. Orientando suas bases a votarem a favor do projeto, ela não vai contra os "princípios" do partido, porém pode perder seu maior cabo eleitoral, que é o programa. Por outro lado, se ela se recusar a apoiar o projeto, pode pegar mal para a presidente. A princípio, uma grande jogada. Sim, seria uma bela jogada caso este fosse o país do pingos nos is. Mas, como não vivemos em Pasárgada, o buraco é mais embaixo. Acompanhe comigo leitor: (1) o Bolsa Família é um programa que beneficia ricos ou pobres? (Vá respondendo mentalmente às perguntas); (2) Historicamente, qual o partido ligado à classe média-alta da sociedade brasileira e qual o ligado às classes mais baixas? (3)Respondidas as perguntas anteriores, você que é um combatente do regime PT, um indignado com os mandos e desmandos de Sir Lula e Dilma Vana, vai votar em quem agora, se o grande ícone da oposição (ou como o texto sugere, a "aula de oposição"), o PSBD na pessoa de Aécio Neves agora é um colaborador do maior programa de transferência de renda para classes pobres da história do país? Logo esse programa que "sustenta vagabundos" e "dá o peixe ao invés de ensinar a pescá-lo"! Então, por favor e com todo respeito ao companheiro blogueiro que escreveu este texto: pra cima de mim? Aula de oposição? O que se observa é que cada vez mais a dita oposição vem metendo os pés pelas mãos, em tentativas desesperadas de se adiantar às ações do governo. Aprendi na faculdade que oposição precisa cooperar com projetos bons e fiscalizar os que julgar desnecessários. Essa oposição é igual ao comunismo de Marx: é lindo, mas ninguém nunca viu funcionar fora do livro.

Não vamos exigir demais da nossa compreensão no primeiro texto do ano, mas por favor leitor, este é um apelo de ano novo que o Partido ao Meio faz: fique atento este ano! Proliferarão textos de natureza obscura e com rapidez e intensidade que você e eu nunca vimos. Mentiras serão contadas para desfavorecer oponentes e favorecer candidatos. Dúvidas serão plantadas na cabeça de cada um de nós e com certeza farão com que as coisas se desorganizem. Mas se mantenha firme, saiba votar...e para todas as outras dúvidas, leia o Partido ao Meio.