Quinta-feira, 07 de Julho. A política brasileira tem uma
relação estreita com o inverno. Paradoxalmente, é no frio que as coisas pegam
fogo em Brasília. Se for contar Agosto, tem evento pra lá de quente. E Eduardo
Cunho decidiu nos brindar com mais um em Julho. Renunciou, hoje, à Presidência
da Câmara dos Deputados – já longe de ocupar o cargo outra vez – em mais uma
manobra.
Engana-se quem acreditou nas razões expostas por Cunha. Que
dirá quem chorou junto às lágrimas do deputado. Há de se convir que, de longe,
Cunha foi a maior raposa já vista nos últimos tempos, em Brasília. O problema é
que, tamanhas eram a inteligência e a reincidente desfaçatez, que ele não
contaria com o próprio azar. Também pudera: responsável por encabeçar a
resistência ao mais longo processo de cassação da história da Comissão de Ética
(enquanto isso o processo ainda tramita), é também o algoz de Dilma Rousseff
pela abertura do processo de Impeachment da Presidente.
Há, sem dúvida, planos muito maiores do que as mais criativas mentes possam imaginar. Mas trata-se, inequivocamente, de um derrota ao deputado. Cunha se viu forçado a renunciar, mesmo repetindo seguidas vezes, ao longo das últimas semanas, que não o faria. O presidente afastado da Câmara criou uma criatura maior que si mesmo e, portanto, de insustentável domínio.
Há, sem dúvida, planos muito maiores do que as mais criativas mentes possam imaginar. Mas trata-se, inequivocamente, de um derrota ao deputado. Cunha se viu forçado a renunciar, mesmo repetindo seguidas vezes, ao longo das últimas semanas, que não o faria. O presidente afastado da Câmara criou uma criatura maior que si mesmo e, portanto, de insustentável domínio.
Eduardo Cunha, em tom nauseantemente emocionado, decidiu
pela renúncia para encontrar um breve suspiro de esperança em sua carreira
política. Digo como político, de fato! E não como o ator de lobby que sempre
foi.
Enquanto isso, a Comissão de Ética anda tal qual um saci. O
novo relator do processo aconselha a comissão a anular a última votação
favorável a cassação do deputado. Cunha fez filhotes.
As cenas dos próximos capítulos são claras, o que tira o
interesse do público. Cunha fez um acordo com o Planalto e com o chamado “Centrão”
para que o próximo presidente da casa seja “um dos seus”.
Do Planalto, o que vem não mais me assusta. Acredito quando
Temer diz que não possui objetivos eleitorais. Uma candidatura do presidente
interino em 2018 seria, no mínimo, vontade de rasgar dinheiro. O que espanta é
a ação deste partidos que compõem o centro de se aliarem ao que há de mais
tosco e escroque no cenário político nacional, ignorando toda a revolta popular
que acontece, não distante, às margens do próprio Congresso Nacional.
E nessa, a população espera a condenação de Cunha pelo STF; o fim do mandato de Bolsonaro, por motivos que se tornam redundantes se expostos depois da palavra “Bolsonaro”; dentre outras coisas.