segunda-feira, 18 de janeiro de 2016

Ano Novo, Política Velha

A virada do ano é o momento em que concentramos todas as energias ruins do ano que passou, juntamente com toda a esperança para o período que se inicia. É o período de eterno desejo de renovação que toma, não só brasileiros, mas qualquer nacionalista.

A julgar pelo grave momento que estamos passando, vale a pena refletir. E refletir, nesse sentido, vai além de se chegar a mesma conclusão, sempre: o Brasil vai mal. A proposta não é aceitar os fatos, mas entender os motivos.

A história é cíclica e, com o Brasil, não podia ser diferente. Na República Velha já se podia encontrar a mesma configuração parlamentar que temos hoje. O jogo político era igual e poderoso de tal forma que a única diferença de mais de 80 anos para cá, é que o disfarce melhorou. Se, no início do Governo Provisório, assumido por Vargas em 1930, o cerceamento do congresso era aplaudido e corroborado, sem exceção, pela mídia nacional, hoje em dia esta mídia adquiriu tamanho poder que pode facilmente se configurar como uma potência independente e seguir um rumo oposto ao do Estado. Explico! No início da Era Vargas – e até mesmo em regimes anteriores – já se observava que imprensa trabalhava em prol de seus interesses no Congresso. Estes interesses eram diretamente financeiros, visto que o Governo Federal mantinha determinados órgãos de imprensa sob gordas mesadas, que garantiam a manutenção da “boa relação” entre mídia e políticos da situação. Independente de ideologia, esta prática parecia ser normal no início do século passado. O próprio Getúlio - segundo apurou Lira Neto na biografia do político – enquanto presidente do Rio Grande do Sul (cargo equivalente ao de governador, atualmente), mantinha repasses mensais ao principal jornal do estado, que defendia os interesses do PRR, sigla a qual Vargas pertencia.

Quando a revolução, ou golpe, que levou Vargas à presidência chegou ao Rio de Janeiro, os revoltosos atearam fogo aos principais órgãos de imprensa vigentes á época: A Noite, Folha da Manhão Paiz, entre outros. Estes órgãos encobriram, até onde foi possível, a evolução do levante que vinha desde o Rio Grande até o Rio, por via férrea.

Outra curiosidade sobre a época, que diz muito a respeito do atual momento, é que é extremamente recorrente encontrar sobrenomes conhecidos por todos nós, hoje em dia, ocupando cargos relevantes na política de 1930. A família Collor, por exemplo. Presente no Congresso Nacional com os ascendentes mais antigos do ex-presidente Fernando Collor. Daí o fato da política ser cíclica: os atores são sempre os mesmo, nadando e se adaptando a mercê das correntes e marés.


Sem qualquer defesa política, mas é inegável que os dois únicos presidentes que tivemos, e que não possuem nenhuma ligação parental com outros ocupantes de cargos importantes na história do país, são Lula e Dilma. A renovação é extremamente importante, para que se oxigenem as instituições. Muitos defendem o fim da reeleição com este mesmo argumento. É um assunto polêmico que pode ser tema de uma próxima postagem.