A virada do ano é o momento em que concentramos todas as
energias ruins do ano que passou, juntamente com toda a esperança para o
período que se inicia. É o período de eterno desejo de renovação que toma, não
só brasileiros, mas qualquer nacionalista.
A julgar pelo grave momento que estamos passando, vale a
pena refletir. E refletir, nesse sentido, vai além de se chegar a mesma
conclusão, sempre: o Brasil vai mal. A proposta não é aceitar os fatos, mas
entender os motivos.
A história é cíclica e, com o Brasil, não podia ser
diferente. Na República Velha já se podia encontrar a mesma configuração
parlamentar que temos hoje. O jogo político era igual e poderoso de tal forma
que a única diferença de mais de 80 anos para cá, é que o disfarce melhorou.
Se, no início do Governo Provisório, assumido por Vargas em 1930, o cerceamento
do congresso era aplaudido e corroborado, sem exceção, pela mídia nacional,
hoje em dia esta mídia adquiriu tamanho poder que pode facilmente se configurar
como uma potência independente e seguir um rumo oposto ao do Estado. Explico!
No início da Era Vargas – e até mesmo em regimes anteriores – já se observava
que imprensa trabalhava em prol de seus interesses no Congresso. Estes
interesses eram diretamente financeiros, visto que o Governo Federal mantinha
determinados órgãos de imprensa sob gordas mesadas, que garantiam a manutenção
da “boa relação” entre mídia e políticos da situação. Independente de
ideologia, esta prática parecia ser normal no início do século passado. O
próprio Getúlio - segundo apurou Lira Neto na biografia do político – enquanto presidente
do Rio Grande do Sul (cargo equivalente ao de governador, atualmente), mantinha
repasses mensais ao principal jornal do estado, que defendia os interesses do
PRR, sigla a qual Vargas pertencia.
Quando a revolução, ou golpe, que levou Vargas à presidência
chegou ao Rio de Janeiro, os revoltosos atearam fogo aos principais órgãos de
imprensa vigentes á época: A Noite, Folha da Manhã, o Paiz,
entre outros. Estes órgãos encobriram, até onde foi possível, a evolução do
levante que vinha desde o Rio Grande até o Rio, por via férrea.
Outra curiosidade sobre a época, que diz muito a respeito do
atual momento, é que é extremamente recorrente encontrar sobrenomes conhecidos
por todos nós, hoje em dia, ocupando cargos relevantes na política de 1930. A
família Collor, por exemplo. Presente no Congresso Nacional com os ascendentes
mais antigos do ex-presidente Fernando Collor. Daí o fato da política ser
cíclica: os atores são sempre os mesmo, nadando e se adaptando a mercê das correntes
e marés.
Sem qualquer defesa política, mas é inegável que os dois
únicos presidentes que tivemos, e que não possuem nenhuma ligação parental com
outros ocupantes de cargos importantes na história do país, são Lula e Dilma. A
renovação é extremamente importante, para que se oxigenem as instituições.
Muitos defendem o fim da reeleição com este mesmo argumento. É um assunto
polêmico que pode ser tema de uma próxima postagem.
Nenhum comentário:
Postar um comentário