quinta-feira, 18 de maio de 2017

A República (ou o que sobrou dela)

O cenário não poderia ser mais catastrófico. E essa frase, Brasília já provou que é muito perigosa, porque sempre pode ser mais catastrófico.

O presidente Michel Temer envolvido em esquemas de corrupção não pode ser encarado como uma crua novidade. Porque não é. O inédito da situação é que, dessa vez, uma delação ESPONTÂNEA e repleta de PROVAS veio à tona. Joesley Batista, dono da maior empresa de proteína animal do planeta, gravou o presidente corroborando com propina e, em suma, mostrando a quê veio. Não satisfeito, Joesley entrega o já cachorro morto Aécio Neves com grampos similares.
Há pouco, o ainda presidente Temer foi enfático e, em tom intransigente, foi categórico: não renunciará! Ora, é interessante observar a espécie de coragem encontrada na política brasileira. Políticos implicados até o pescoço, com provas inquestionáveis depondo contra os mesmos, usam o sistema e a mídia para passar uma mensagem austera à população. Mas e então, qual foi a mensagem passada por Temer?

No pronunciamento, Temer fez questão de falar dos números da economia. Disse que é inegável o avanço econômico que seu governo está proporcionando ao país. Nesse ponto, vale lembrar que a população em nada tem a ver com essa tal “economia”. E que economia, como está sendo realizada, não vê pessoas, vê números. Principalmente os que saltam das contas lucrativas de bancos e entidades financeiras. Dito isto, a opção do famigerado mercado é clara: #ficaTemer

Num segundo momento, o presidente nega veementemente que tenha autorizado compra de silêncio de quem quer que seja, para quem quer que fosse. Diz ainda que “gravações clandestinas” não podem tirar o país do rumo. Pergunto-me se podemos esperar que Michel Temer aceite fazer uma “gravação não-clandestina” para tudo entrar nos trilhos. Diferente do que ocorreu com Dilma, Michel Temer teve suas intenções mais repulsivas gravadas por um empresário, que as entregou ao poder público. Dilma, enquanto presidenta, foi grampeada com o ex-presidente Lula, a mando da PF e tais grampos VAZADOS por um juiz federal. Sim, Sérgio Moro. O famoso dois pesos e duas medidas.

Aliás, vale a pena discorrer sobre o citado. Joesley Batista, talvez sem esta intenção, ensinou para Moro o que é uma delação com provas. PROVAS. Sérgio Moro, o querido dos gladiadores políticos brasileiros, teve seguidas oportunidades de saber mais sobre o envolvimento de Michel Temer em atos ilícitos. A julgar pelo áudio de Romero Jucá, a julgar pela dezenas de perguntas que Eduardo Cunha endereçou a Temer e que "morreram na praia" porque Moro não achou conveniente. E muito cuidado com a dita coragem dos políticos brasileiros, explicada acima. Temer não é um suicida. Se os áudios e vídeos ainda não foram divulgados à população, não seria de se surpreender que sumissem numa magistral coincidência. Assim como sumiram Teori, Eduardo Campos, Ulysses Guimarães e tantos outros. Assim como pode sumir, também, o primo do Aécio...aquele, que foi o sorteado para pegar a grana.
O apelo é claro: divulguem o material e que a população faça seu juízo.

Quanto ao resto, é de igual interesse analisar todo e qualquer político que, porventura, tenha provas contrárias aos seus argumentos. Mas não sejamos tolos e nem criemos “corruptos de estimação” como a direita tola e órfã propaga nas redes sociais. Estimemos a democracia e o livre direito de defesa. Estimemos provas no lugar de convicções. Estimemos áudios enfáticos, vídeos contundentes, e não pedalinhos ou apartamentos em nome de terceiros.


O julgamento,e posterior condenação, só podem ocorrer com PROVAS. E a sociedade brasileira acaba de perceber o que acontece socialmente quando PROVAS são encontradas.

Nenhum comentário:

Postar um comentário