sexta-feira, 28 de março de 2014

50 Anos do Golpe: Da aceitação à crise

O que a literatura brasileira ensinou para as gerações posteriores ao Golpe de 64 ainda é - e provavelmente é o que sempre prevalecerá - a "versão oficial" da sociedade brasileira. Isso significa dizer que, a partir do momento que a versão de um golpe é contada, toma-se como verdade a submissão de toda uma sociedade imposta aos desmandos militares. Caro leitor, e se dissermos que nem sempre foi assim? Hoje, o Partido ao Meio fala do início da era militar na história recente. Humberto, Artur, Emílio...os nomes pouco familiares para a história nacional, escondidos por trás de sobrenomes carregados de significados!

Na última leitura chegamos ao início do Golpe, com Castello Branco...o Humberto aí de cima! Não é o início da repressão porque não há repressão sem imposição. E a palavra imposição não pode caracterizar aquele período. Uma larga camada da sociedade brasileira era a favor do golpe, ou revolução, como era chamado o ato. Parece coisa de norte americano mas é verdade: o Brasil tinha medo do comunismo e todos que eram contra os privilégios da elite ou que, pelo menos, queriam fatiar o bolo, eram taxados como comunistas. Em entrevista a uma rádio, pouco tempo após o golpe, o então governador do Estado da Guanabara, Carlos Lacerda, pronunciou palavras de claro apoio à "tomada das rédeas da pátria" por parte das forças armadas. De fato, Castello Branco não representava nem parte do que veio a ser a ditadura com Costa e Silva. Claro defensor da linha dura do regime, Artur Costa e Silva distancia ainda mais o país do retorno à democracia. Nessa altura do campeonato, o leitor pode imaginar o que foi feito com JK, Jango e cia? Pois é, todos exilados, com direitos políticos cassados e alguns, como é o caso de Jango, com processos criminais nas costas. Neste momento, a sociedade já estava nas ruas. Estudantes, comunistas, não-comunistas...até quem apoiou o regime, sentiu-se de certa forma traído, como foi  caso de Lacerda. A sociedade não tinha apoiado o que estava acontecendo.
Nesse meio tempo a economia ia bem, os investimentos estrangeiros no país eram vultuosos e a organização econômica da ditadura contava com nomes de peso como Denfim Netto na pasta da Fazenda. Foi no governo de Costa e Silva que foram baixados os famigerados atos institucionais, inclusive o temido AI-5 que suprimira liberdades individuais e direitos políticos, dando acima de tudo, mais poder à ditadura.

Acometido por uma trombose, Costa e Silva é substituído pelos militares e tem início outra fase da Ditadura Brasileira: a era Médici. A intensificação da repressão aos atos contrários ao governo marcou o mandato do 3º militar a ocupar a chefia do Estado Maior. O que se observa neste momento é uma tentativa gradual do governo de trazer a população novamente para o lado do poder. Com alto apelo publicitário, a intenção era enfraquecer os movimentos populares que tentavam minar toda a supressão de direitos iniciada com o endurecimento da ditadura. Estávamos no auge do milagre econômico. O país era um canteiro de obras que e de investimentos. A economia crescia a taxas elevadas e os movimentos de guerrilha eram gradualmente desorganizados pelo governo.

No próximo texto: Geisel, a conta do "milagre econômico bate a porta, Figueiredo e a abertura política. Acompanhem!

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