quinta-feira, 13 de março de 2014

50 anos do Golpe: A ascensão da ideia.

O Partido ao Meio, ao longo deste mês, irá relembrar o inesquecível! Depois de 50 anos do Golpe Militar de 64, o país parece viver, de certo modo, a mesma realidade - guardadas as devidas proporções - que possibilitou a ascensão militar ao poder. Uma série de quatro textos que reavivarão na sua memória, leitor, como foi possível "adormecer o gigante" por tanto tempo. De situação à oposição coagida, a esquerda brasileira se tornou alvo das taxações norte-americanas, e pasmem, brasileiras também. Numa época em que falar em reforma agrária ou direitos de classes mais pobres era "coisa de comunista", não sobrava clero nem classes abastadas brasileira que não fossem favoráveis à "tomada das rédeas" por parte da forças armadas.

Para que o texto não seja um resumo de uma aula de história, conto com o ensino médio de todos para passarmos batidos por detalhes óbvios!
À época, Jânio Quadros era o presidente eleito, democraticamente(para os quesitos de democracia da época), e da mesma maneira, João Goulart - por eleições separadas - seu vice. Tudo corria mais ou menos bem abaixo dos trópicos quando Jânio decidiu vagar a cadeira presidencial achando que o povo lhe daria "cobertura". Dito e não feito! Jânio entrega a presidência para o vice, que enfrentou percalços até chegar ao poder. Com a retórica combativa de Jango, a elite brasileira não olhava com bons olhos para os planos do presidente. Como se não bastasse sua tendência para setores menos favorecidos, os norte-americanos estavam ávidos para arrematar mais uma democracia sul-americana. Como é sabido por todos, quando os americanos querem...
Dito e feito. Jânio renuncia durante uma viagem de Jango à China, reino do comunismo para a direita brasileira. Os militares impedem que Jango tome o poder e, há relatos de que o presidente permaneceu em São Borja, seu reduto, até que o parlamentarismo fosse implantado no Brasil. Sim, fomos parlamentaristas! Por pouco tempo, porque não colou! Por plebiscito o Brasil escolhe voltar ao regime presidencialista. Por pouco tempo, porque não colou(2). Dessa vez para os militares, ricos e pasmem, para o clero! Estes setores não podiam permitir que um governo que acenava para a China comunista, comandasse o país. Tem início o Golpe Militar de 64, ou contrarevolução como gostam os militares!

Castelo Branco toma as rédeas do poder, mas isso é papo pro próximo texto. Terminaremos este, narrando o fim trágico e insólito de João Goulart! Como se não bastasse sua expulsão da capital federal, Jango é julgado e acusado pela junta militar de crimes contra o Estado. Leitor, MÁXIMA atenção ao trecho que segue: "corrupção administrativa; aplicação indevida do dinheiro público; concessão de vantagens, favores e privilégios a apadrinhados e a organizações de classe que (...) conturbavam a vida nacional (...); diluição do princípio de autoridade e solapamento das instituições.". Esta é a transcrição dos crimes pelos quais Jango foi acusado, retirada dos arquivos da Fundação Getúlio Vargas. Peço que você reflita, sem pensamentos tendenciosos, a respeito de uma questão: estaria a esquerda brasileira fadada eternamente à autoria de crimes como os descritos acima ou estamos nós fadados à uma direita que não "muda o disco"?
Jango passa brevemente em Porto Alegre para estar com seu cunhado e ex-governador do Rio Grande, Leonel Brizola, e em seguida, segue para o exílio no Uruguai. Em seus últimos anos de vida, o ex-presidente passa a morar na Argentina onde falece vítima de um ataque cardíaco que, anos depois, nos remete aos casos mais bem orquestrados de Hollywood. A CNV(Comissão Nacional da Verdade) exuma os restos mortais de Jango para apurar fortes indícios de assassinato, devido à alteração da medicação tomada por ele. Mais uma da Operação Condor, cuja razão de existir era pura e simplesmente para promover a cooperação mútua entre as ditaduras sul-americanas.

Fatos como estes não aconteceram para serem deixados na história. A crueldade, bem como o abuso de poder que decorre da própria crueldade precisam ficar em nossas memórias para que saibamos diferenciar liberdade e resignação. Para que saibamos valorizar um voto, um direito e uma escolha! Por hoje é só.  

Nenhum comentário:

Postar um comentário