quinta-feira, 6 de fevereiro de 2014

Remissão pela Omissão

Em certos aspectos da vida cotidiana, a sua posição em relação aos fatos não pode ser ambígua. Casos "brotam" no dia-a-dia e a imprensa - que de boba não tem nada - faz questão de imprimir na cabeça de cada pessoa uma "opinião coletiva", que se não é coletiva passa a ser a partir dali. São os tempos onde, quem chega primeiro portando a informação, vence - quer seja a informação! O Partido ao Meio vai tratar de um tema extremamente polêmico que precisa da sua atenção!

Noite de 31 de Janeiro, bairro do Flamengo, zona sul do Rio. Quatorze homens - ou mais - autodenominados "justiceiros",  detém um adolescente que, supostamente, praticava pequenos furtos na região. Este cidadão é agredido e preso nu a um poste, amarrado por uma trava de bicicleta. A notícia choca, evidentemente! 
Automaticamente, temos o impulso de julgar a ação dos "justiceiros" e a própria conduta do adolescente, sem conhecer todos os fatos que podem influenciar um "parecer" correto sobre a situação. Mas vamos partir do famoso senso comum! Quem mora ou frequenta a área do Flamengo, Catete, Glória e redondezas, sabe que a coisa mais comum que existe na região é a presença de moradores de rua, profissionais da noite, ladrões e drogados. A frase choca pelo preconceito porque parece que englobamos todas essas pessoas num grupo só! Não é verdade, estamos simplesmente apontando a frequência(principalmente noturna) da área que, de fato, gira em torno dessas pessoas. 
Dito isso, também é certo afirmar que os mesmos moradores e frequentadores desses bairros sabem que policiais e demais "controladores da ordem", deixam a coisa correr solta na região. Talvez por omissão, talvez por ocasião, mas com certeza por falta de políticas públicas de remoção, de assentamento, de restruturação e reinclusão na sociedade, etc.

Pois bem, sabemos quem são e como vivem! Grande parte dos casos de assalto e violência que ocorrem por ali são atribuídos, corretamente por sinal, a essas pessoas. O caso acima descrito representou o "copo transbordando". O que isso quer dizer? Pessoas, que uniram suas insatisfações e seus "sacos cheios" em relação aos desmandos do poder público, e decidiram agir por conta própria. O garoto apanhou, ficou nu, foi preso ao poste - e lendo isso a gente acha que a violência foi essa! Caro leitor, violência, na sincera opinião do Partido ao Meio, é ter o direito de ir e vir cerceado. Violência é sair com sua namorada a noite e ver nos olhos dessas pessoas o desejo de roubar, de ferir, de traumatizar. Sim, porque representantes de ONG's e dos Direitos Humanos alegam que essas pessoas são fruto da ingerência do Estado brasileiro e do esquecimento da sociedade. Alegam que elas têm fome e por isso cometem tais atos. Ora, o que se vê nos Estado do Rio de Janeiro hoje em dia, não são assaltos cuja intenção ou o impulso são atribuídos á fome. São pessoas violentas, que roubam por roubar, que matam com a facilidade de quem estoura um balão de aniversário e que, acima de tudo, sabem que o problema vai ser tratado como uma causa social, um problema de classes, e que por isso irão continuar a cometer tais atos.

Não devemos nos espantar caso o exemplo dos "justiceiros" seja replicado pelo país afora. Erraram por combater violência com violência, o que poderia nos levar a um estado de lei marcial. Mas, em contrapartida, mostraram para este meliante e para os demais que coisas desse tipo podem sim acontecer e que punição também existe para além do poder público. Frase de uma jornalista brasileira: "O Estado é omisso, a polícia desmoralizada, a justiça é falha, o que resta ao cidadão de bem (...)? Se defender, claro!" E ela completa alegando que, na opinião dela, o que ocorreu foi "legítima defesa coletiva de uma sociedade sem Estado contra um estado de violência sem limite".

Justiceiros: invadam Brasília! Por hoje é só. 

4 comentários:

  1. Não concordo quando você fala que eles "sabem que o problema vai ser tratado como uma causa social", acho que eles não sabem... E também acho que há casos e casos... Cada um rouba por um motivo, uns roubam por maldade, outros por necessidade! Acho que quem rouba por qualquer um desses casos tem que ser punido. Mas também sou contra a ação dos justiceiros, principalmente por usar violência, pq a moda pode se espalhar, e vai sobrar pra todo morador de rua.. o que a gnt mais vê acontecer é morador de rua sendo espancado e morto por aí de madrugada... e nem todos são tão "ruins" assim. Já parei pra dar água pra morador de rua no flamengo, pq vi que ele tva procurando agua no lixo.. era um homem, jovem e eu tava sozinha... ele aceitou a água e ainda agradeceu.. podia ter me assaltado né? então me preocupa isso virar moda.. pq nem todo morador de rua é ruim...

    ResponderExcluir
    Respostas
    1. Mariana, se a ideia passada pelo texto foi generalizar o morador de rua como bandido, peço que desconsidere! O que o Partido ao Meio está retratando é o "Estado" e o "estado" omisso das coisas. Exceção existe por toda a parte. Mas infelizmente esses casos de rua estão virando regra! Como dito no texto, uma lei marcial do "olho por olho dente por dente" está longe do desejável, muito pelo contrário! A proliferação dos tais "justiceiros" é um problema pro estado democrático de direito. Mas acima de tudo, os "justiceiros" representam "a que ponto as coisas chegaram"!

      Excluir
  2. Bom texto.
    Tem que bater em bandido mesmo!

    Na minha opinião você só pecou ao citar a Rachel Sheherazade no final, mas como senti que você ficou com vergonha de citar o nome dela, já está de bom tamanho. ;D

    ResponderExcluir
  3. Sim! Sabemos que a citação não remete a um exemplar do bom jornalismo nacional! Mas, de fato, a frase dita por ela tem lá seu sentido!

    ResponderExcluir