O Partido ao Meio abre espaço, ainda (e como nunca antes) em
clima eleitoral, para debater as surpresas e os retrocessos da votação do
último domingo. Brasileiros e brasileiras, com insaciável desejo de mudança,
foram às urnas como quem vai para uma batalha. O objetivo? Renovar! O
resultado? Volte duas casas e jogue o dado novamente!
Uma das grandes polêmicas eleitorais de 2014, sem dúvidas,
foi a expressiva votação recebida pelo candidato a deputado federal pelo Rio de
Janeiro, Jair Bolsonaro. Defendendo a manutenção do seu mandato no congresso
nacional, o deputado arrebatou nada mais nada menos que 460 mil votos no
estado. Número vultuoso que concedeu a esta figura controversa o posto de parlamentar
mais votado do Rio. Uma liderança da classe ultraconservadora (se é que existe
essa classe) que se tornou conhecido no país inteiro pela defesa intransigente
de ideais pouco populares e que causam revolta, principalmente na classe
liberal ligada à defesa de direitos homossexuais e humanos como um todo.
Dono de declarações polêmicas e combatente fervoroso dos que
criticam o regime militar, Bolsonaro é militar da reserva e passou por diversos
partidos políticos em sua vida pública, até se fixar no Partido Progressista,
antigo PPB. É importante ressaltar que, por mais contraditória que pareça esta
filiação, o deputado já foi peça integrante de partidos como o antigo PFL,
atual DEM, cuja sigla significava “partido da frente liberal”! Ora, o que
enxergar de liberal em Jair Bolsonaro? Católico fervoroso, é divorciado de sua
primeira mulher, ataca constantemente políticas raciais e de inclusão social.
Também se gaba de ser um ferrenho crítico ao atual governo e às políticas que
promovem investigação dos crimes cometidos durante a ditadura, como a criação
da Comissão Nacional da Verdade (CNV). Pai de três filhos que seguem como uma
receita de bolo seus passos, soube educar e guiar a sua maneira Flávio, Eduardo
e Carlos. O primeiro reeleito com mais de 160.000 votos pela câmara carioca. O
segundo, dono de 82.000 votos de paulistas que lhe concederam uma cadeira de
deputado federal, tal como o pai. Por último, Carlos, vereador quando ainda
tinha 17 anos. Todos compartilham as ideologias do pai. Claro, não podia ser
diferente!
A grande questão que o Partido ao Meio coloca em debate é a
motivação de cada eleitor que, desgostoso com os rumos do país e sedento por
renovação e progresso, vota em caricaturas como Bolsonaro! E bate no peito!
Temos mais ultraconservadores nos cercando do que supõe nossa vã filosofia? O
brasileiro, então, quer varrer do mapa gays, negros, ateus, agnósticos e, acima
de tudo, progressistas que defendam o real significado da palavra?
Não podemos confundir os reais anseios da população com a
alteração de ânimos provocada por uma ausência cada vez mais gritante do
Estado. Isso quer dizer que o eleitor de tipos como o de Jair Bolsonaro não é
tão conservador, em sua maioria! O que ocorre é que a população, cansada de
tanto descaso por parte do poder público, começa a achar natural a defesa de
ideias extremas que tragam uma aparente e instantânea resolução para problemas
seculares. “Se as cadeias estão lotadas e as condições de vida de cada preso
cada vez mais desumanas, nada mais justo que a punição máxima com quem atentou
contra a sociedade”
Casos como este – e somam-se a ele Celso Russomanno, Marco
Feliciano e tantos outros – escancaram uma sociedade cada vez mais perdida,
desacreditada, com perigosa tendência à práticas nocivas ao estado democrático
de direito e que, acima de tudo, reivindica por reivindicar! Se nossas falhas
não forem corrigidas, se nossos antagonismos e diferenças sociais históricas
não forem combatidos, de que adianta sair às ruas e protestar? Embora tardio e
limitado à esfera do poder executivo, o segundo turno cai como uma luva para os
que cogitam estudar melhor suas escolhas. Brasileiros de todos os cantos, eis a
segunda chance!
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