Parece repetitivo escrever sempre e, sobretudo, agora a
respeito do assunto. Mais de uma vez, já foi dito aqui neste blog que a história
política brasileira é cíclica. Os fatos recentes só comprovam a afirmação. O
maior partido político da república sai do governo, pela primeira vez em quase
30 anos de redemocratização. E essa saída, embora nova, diz muito a respeito do passado.
Seria espantoso se não fosse explicável. O PMDB sempre
contou com o oportunismo de suas bases e de seus caciques. A tática de maleabilidade
que a sigla adotou para se perpetuar como coadjuvante no poder parece se
esvair, agora. Mas só parece! Nenhum movimento do partido é abrupto ou
impensado.
O que acontece de inédito neste momento é que, agora, há um
racha considerável e visível que ameaça destruir a lógica adotada por seus
integrantes ao longo do tempo. Nomes de peso como o da Ministra da Agricultura,
Kátia Abreu, e o do senador Roberto Requião (PR) - que foi bastante contundente
ao criticar a jogada do partido e sugerir um golpe aplicado pelo Vice Presidente,
Michel Temer - podem indicar uma crise interna.
Além de deliberar a entrega de, aproximadamente, dois mil
cargos comissionados e os postos ocupados no segundo escalão do Governo Dilma,
Temer e Eduardo Cunha fizeram valer a tática maquiavélica de abandonar o barco
para pegar carona em outro. Usando um interlocutor conhecido pelo governo, a
bancada decidiu engrossar os quadros da oposição federal por aclamação. Romero
Jucá (RR) liderou as vozes dissonantes – porém, não consensuais – que debandaram
da administração. Este, que já foi líder dos governos Lula e Dilma, agora adota
de bom grado a estratégia traçada por Temer para enfraquecer Dilma e possibilitar
a já dada como certa “administração Temer”.
Enquanto isso, se desenrola em rapidez inversamente
proporcional ao processo de impeachment, o processo de cassação de Eduardo
Cunha (RJ), atual e - pasmem - ainda Presidente da Câmara. Como se não fosse
susto suficiente, terceiro na linha sucessória da presidência da república.
No Poder Judiciário, parece que a voz do juiz Sérgio Moro
foi calada. Pelo menos, momentaneamente. Com indicação do procurador Janot, os
ministros do STF decidiram ordenar que a “investigação” contra Lula seja tocada
pela suprema corte, e não mais por Curitiba. Isso abre espaço para a possível
aceitação da nomeação de Lula para a Casa Civil. Na interpretação de Teori
Zavaski, o Supremo não pode interferir nas decisões - amparadas por lei – do Poder
Executivo.
De resto, nos é imposto ir às ruas e lutar para que a democracia
não seja perdida ou subtraída. Interesses escusos movem o processo de
impeachment e arrastam grandes nomes da direita brasileira para um abismo de
ódio e indignação seletiva que surpreendem os mais céticos.
O jeito seria esperar e apostar, se espera e aposta não
fossem tão perigosas neste momento. É tempo de luta!
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