quinta-feira, 26 de setembro de 2013

Gringo falando da gente I

"O comércio é a arte de abusar do desejo ou da necessidade que alguém tem de alguma coisa" - Jules Goncourt. Escolhi essa frase pra começar o post de hoje não foi à toa! O que faz você, leitor, comprar um jornal ou revista? Excetuando-se algumas tentadoras capas ou manchetes principais com mulheres seminuas ou grandes oportunidades, a resposta é exatamente o desejo/necessidade da informação. Partindo desse princípio, e levando à risca o ensinamento que a frase acima nos passa, é bem plausível que, no Brasil ou em qualquer lugar do mundo, a manipulação da comunicação reine. Então vamos expandir nossos horizontes. Hoje, graças ao amigo Bruno que contribuiu com sua perspicácia literária, vou comentar a respeito da última edição da revista The Economist  que trata da desaceleração do crescimento da nossa economia!

Que o Brasil sobe e desce igual gangorra, todo mundo já sabe! Entra governo, sai governo e os dados dos jornais são sempre, aparentemente, os mesmos: "inflação sobe", "inflação desce", "Risco Brasil elevado", "Risco Brasil no melhor patamar da história" e por aí vai! Dada a recente polêmica envolvendo EUA e Brasil em relação às espionagens americanas(que, inclusive, merecem um capítulo à parte), Dilma foi à ONU e discursou com veemência contra as políticas de controle e proteção ao acesso de qualquer pessoa à internet. Foi um assunto extremamente comentando e, coincidência ou não, lá estamos nós de novo na capa da revista. O assunto: Has Brazil blown it?  em oposição à Brazil takes off, que foi chamada de outra capa da revista anteriormente! Em suma, o que se discute é a chance que o Brasil teve de, finalmente, decolar econômica e socialmente.
Peço desculpas ao leitores que não concordam, mas a reportagem, apesar de ter se revelado bastante imparcial e direta, não me trouxe novidades! O país é rico, de proporções continentais e, portanto, com problemas continentais, que nos últimos 10 anos plantou e colheu os frutos de uma política ousada de inclusão de pobres na classe média e, mais que isso, de exclusão de seres humanos da miséria! Fomos notícia no mundo todo como a 7ª - por um momento até 6ª - maior economia do mundo, mas ainda fazemos questão de varrer nossos mais sujos problemas para debaixo do tapete.

A reportagem traz parte do foco às manifestações que tomaram as ruas em Junho. Preciso expressar meu profundo descontentamento com quem imputa a responsabilidade dessas manifestações à presidente Dilma. Pera lá, quando não houve corrupção neste país? "Ah, mas corrupção vinda do PT é inadmissível!", "logo o PT fazendo isso!". Perdão, mas eu tenho tanta vergonha do PT quanto de você! A corrupção é inadmissível vinda de qualquer esfera ou de qualquer entidade da sociedade, seja um partido social democrata ou um partido de cunho trabalhista. A corrupção está arraigada na formação do brasileiro, e é com muita tristeza que admito isso! A reportagem ainda critica os 39 ministérios da presidente e a maneira como os protestos foram conduzidos. Concordo! O exemplo tem que vir de cima, já dizia a sua e a minha avó! O Governo Federal deve enxugar a máquina pública, assim como eu e você precisamos votar um pouco melhor pra ocupar o Legislativo. Não tão distante, o Judiciário não pode ficar imune às pressões da sociedade, como ousou propor o ministro Celso de Melo, no episódio vergonhoso de semana passada, em mais um capítulo da "Odisséia Mensalão". Tá tudo errado? Aparentemente! Tem solução? Tem solução! Não se engane, leitor, que eleger o Aécio vai mudar o nosso país. Ou que a Marina vai dar jeito na nação! Mais uma vez: está insatisfeito? Anule!

Em outro momento da reportagem, somos comparados aos vizinhos! Confesso que não sei qual o grau de verdade contido nas frases da revista dedicadas a situação da Argentina ou do governo Kirschner (também sem ajuda do Google, perdão por qualquer erro gráfico), mas o que se lê a respeito não é bom! Vale lembrar que a revista é britânica e os ingleses possuem uma relação bem delicada com os argentinos.(Lembrem-se das Malvinas). Mas, como tudo na vida tem solução, a publicação não exclui a chance de que o Brasil mude o curso do foguete! Ela propõe, assim como eu, que as ruas sejam ouvidas, que as mudanças partam de dentro do poder público e que a gente não desperdice o momento! Outro momento bom!

Por fim, não sei se fui muito claro mas me empolguei. E quando eu me empolgo acaba saindo algo legal! Mas o resumo é este: somos grandes, ricos financeira, cultural e socialmente, possuímos bons programas sociais e competentes gestores. Estamos, sim, repletos de sanguessugas que ocupam cargos que não deveriam ocupar e tomam decisões que não deveriam lhes pertencer. Mas o jogo pode virar caso a mão que afana passe a devolver, ou pelo menos, a parar de pegar. E se isso não acontecer, lei marcial: a gente corta a mão!           

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