quinta-feira, 19 de setembro de 2013

Rodo Cotidiano

Ontem eu estava ensaiando começar mais um texto aqui, mas por inúmeros motivos(mentira, tinha trabalho e o blog ainda não paga minhas contas), não pude continuar. Eram duas da tarde, e o Brasil ainda parecia viver sob o benefício da dúvida! Explico: ontem, por volta do meio da tarde, foi revelada a decisão final do STF a respeito dos embargos infringentes que, explicando a grosso modo, era a última cartada da galera do Dirceu, do Delúbio, do Genoíno e cia. para tentar passar incólume ao julgamento do mensalão. Por um dispositivo previsto na constituição, estes cidadãos e mais umas 10 cabeças podiam recorrer de seus julgamentos por terem sido beneficiados com, pelo menos, 4 votos a favor da absolvição de cada um! Mais tarde libero os nomes responsáveis por esses votos e a gente se diverte produzindo uma lista de "escala de ódio". Amigos mais ousados disponibilizariam as fotos de cada magistrado para que o tiro ao alvo ficasse mais...mais real! Mas enfim, a votação que decidiria se o STF iria aceitar ou não esses embargos terminou empatada na semana passada, e coube ao decano(ministro mais velho do Supremo) dar o voto de minerva - de desempate - ontem. Seu nome: Celso de Melo

Hoje é quinta-feira e eu lhe convido a viajar. Viajemos pois! Venha comigo até um barzinho da Grécia antiga. Sim, um barzinho! Se ficar mais fácil, imagine eu e você numa mesa ao lado de outra, cheia de pensadores gregos conversando. Enquanto a gente toma nossa τεκίλα (tequila), os caras discutem arduamente a respeito de uma forma de governo diferente! Eis o diálogo(obviamente traduzido):
(Zé) - Porra galera, não aguento mais essa bosta de governo que não faz nada por nós.
(Pedrim) - Tô ligado! Tá com nada essa galera aí que só oprime a gente!
(Tôin) - Se liga, se liga: meu primo tava comentando comigo sobre uma parada aí que ele tá bolando! 
(Zé) - Que primo? Tião?
(Tôin) - É porra,o Tião! Então, o nome eu não sei direito, mas ele inventou uma tal de democracia.
(Pedrim) - Aaaai caralho, que porra é essa Tôin?
(Tôin) - É parada boa, é governo do povo, pelo povo e para o povo
(Zé) - Tô ligado, show de bola essa parada aí eim...
(Tôin) - E tem mais, a gente elege uns representantes que vão defender nossas ideias e julgar o que melhor se encaixa no que a gente precisa e tal.
(Pedrim) - "Si" amarrei! Agita essa parada aí com o Tião, que eu te garanto que o Morro do Grego fecha todo contigo!
E assim eles brindaram e até chamaram a gente pra tomar mais uma! 

Brincadeiras à parte, eu inventei essa besteirada toda porque, desculpe o termo, eu fico puto quando as pessoas esquecem que a ideia é essa! Se o cara tá lá pra me representar, como ele faz uma coisa que eu não faria? Não encaixa! O ministro Celso de Melo, pode ter adquirido, injustamente, uma responsabilidade gigantesca ao ter dado o voto decisivo neste julgamento. Mas, responsabilidades a parte, o mesmo ministro disse que o Supremo não pode se curvar às pressões populares! Oi? Não pode se curvar? Então Vossa Excelência prefere se manter inerte às manifestações, se achar no direito de ater-se única e exclusivamente às leis de uma constituição que não é revista desde 88? Não posso e nem quero questionar o trabalho do excelentíssimo juiz, bem como a extensa biografia que deve acompanhá-lo para estar ocupando um posto tão alto. Agora, ignorar a responsabilidade de seus atos pelo simples fato de seguir a risca uma lei que vai de encontro a tudo que trouxe credibilidade e esperança ao Brasil? Com todo respeito, seu ministro, vá tomar...o mandato dessa galera!

Sou tomado agora, assim como a maioria dos brasileiros, mais uma vez por um sentimento imenso de vergonha! Vergonha de olhar no espelho e ver minha imagem injustamente refletida em quem toma as decisões por mim! Vergonha alheia de imaginar os 12 beneficiários deste recurso acordando hoje e inspirando o mesmo ar que o meu, que o nosso! Vergonha de ver estampado num jornal internacional que "é o fim da (nossa) lua de mel com o STF". Parece que as coisas voltaram ao "normal". O país se reencontra no caminho da impunidade, do "deixe estar", no caminho de quem não lembra de sua história, tampouco se interessa pelo seu futuro. O Brasil é o país do presente! A lâmpada queimou! Troca! A lâmpada queimou de novo! Troca! Espera: não vai chegar ninguém pra fazer a lâmpada parar de queimar ao invés de trocá-la pela eternidade?

As vezes tenho ideais extremistas, segundo o julgamento dos que me cercam. Mas não vejo outra solução para o Brasil, que não seja um tanque parado à frente da entrada de Brasília, sendo pilotado por nada mais nada menos do que o único herói nacional, o qual nos resta recorrer: Capitão Nascimento! Como integrante participativo (com ênfase no ATIVO) desta "democracia" eu elejo como meu legítimo representante CAPITÃO NASCIMENTO como deputado/senador/presidente/justiceiro! E encerro, assim como o post de hoje, a palhaçada e a vergonha que mais uma vez meu país me faz passar! Por hoje é só!

 

2 comentários:

  1. Foi uma decisão que cabia votação, faculdade, escolha...mas a conveniência da impunidade foi a mais votada

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  2. Comentário sensacional, Carla! Conveniência da Impunidade é o que reina!

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