terça-feira, 15 de setembro de 2015

Entre a Faca e a Espada

O Governo parece ter encontrado um rumo. A mídia também! A diferença é que o rumo da mídia sempre vai de encontro ao do Governo. De um lado, as proposições para estancar a sangria política que se abateu sobre o Planalto. De outro, jornais e revistas de todo o país clamando por sangue. A guerra só começou!

Ontem, na frente de dezenas de jornalistas - dos mais ávidos por polêmica - o ministro da fazenda, Joaquim Levy, e o ministro do planejamento, Nelson Barbosa, anunciaram as medidas lançadas pelo governo para tentar conter o que parece ser mais político do que econômico. Inegável que o Brasil passa por um período turbulento das contas públicas, e que medidas devem ser propostas e analisadas com todo o cuidado no sentido de dar respostas ao setor financeiro e à própria população. Mas, quanto mais o governo nada contra a maré turbulenta, mais se observa o esforço de alguns setores da sociedade no sentido de afundar a presidente a todo custo. E, com ela, levar Lula, que já ensaia seu retorno. Provas disso são os vários movimentos de impeachtment que tramitam no Congresso Nacional e, no que se refere ao ex-presidente, à divulgação de pesquisas de intenção de voto (para 2018?), onde este aparece em segundo lugar, atrás do paladino da justiça, do menino do helicóptero, o empresário do aeroporto, Aécio Neves.

No sentido de respaldar um processo de recuperação econômica, o Governo estuda relançar a CPMF e cortar vários gastos "na carne", como citou o ministro Levy. Neste corte, aparecem vários anseios antigos da população de redução e enxugamento da máquina pública.

As medidas foram recebidas com otimismo por economistas, que condicionam o sucesso das medidas ao comprometimento do setor público em cumprir as metas lançadas no pacote. Em suma, quase 40% do pacote econômico vêm de cortes orçamentários. Os outros 60% referem-se à volta da CPMF. E, aí, vale a pena dedicar um tempo para entender o que está por trás do imposto e, mais ainda, o que se esconde na intenção oculta de determinados setores em podar a medida antes mesmo que ela dê frutos.

A CPMF é um imposto incidente sob operações financeiras, que visa cobrar uma alíquota de 0,2% em cima de cada movimentação dessa natureza. Isso significa dizer que, sob um empréstimo de R$1.000,00, por exemplo, o contribuinte pagaria R$2,00 de CPMF. Portanto, não há um "peso maior" ao contribuinte na recriação do imposto. O que reclamam, de maneira velada, os grandes grupos, é que a medida é muito eficaz na obtenção de recursos, visto que o imposto é quase "insonegável" pois é retido no ato das operações. Num país onde, estes mesmo grupos, sonegam anualmente milhões e milhões, é fácil entender a resistência em aceitar tais medidas.

Em entrevista ao jornalista Heraldo Pereira, o presidente do Senado, Renan Calheiros, disse ver com bons olhos as medidas propostas pelo governo, e ainda sinalizou que a casa será responsável na análise dessas proposições, balanceando a enorme carga tributária que o contribuinte já paga, com as reais condições e necessidades econômicas enfrentadas pelo país.

Já o algoz do Planalto na Câmara dos Deputados, Eduardo Cunha, disse abertamente que aumentos de impostos não são bem vistos pela casa, de antemão. Vale lembrar que este mesmo cidadão não se opôs a votar determinados reajustes salarias em meio a mesma crise. No fundo, é importante perceber quais interesses defende o deputado Eduardo Cunha que, também em oposição ao Senado, votou favoravelmente - e fez-se aprovar - a permanência do financiamento empresarial das campanhas. Isso, eu e todo brasileiro, sabemos que é como comprar no cartão de crédito: uma hora a conta chega. E os juros são caríssimos.

terça-feira, 8 de setembro de 2015

Quem é que manda?

Toquem as trombetas: o trono está vago!

Não! Não é o prelúdio do apocalipse político nacional, nem mesmo a convocação de um plebiscito para ruir ainda mais a frágil democracia brasileira.

Na verdade estamos nos encaminhando para o equilíbrio tão sonhado dos três poderes. O mais analfabeto dos políticos sabe que a república se constitui dos poderes executivo, legislativo e judiciário, certo? Certo! Mas, não é desta tríplice "aliança" que me refiro. E digo mais, os poderes se renovam e nos trazem a impressão de que todo ocupam o trono, ou mesmo de que ele está vago. Acompanhe a suposição:

Primeiro poder: O GOVERNO
Este, dotado da máquina pública, que faz e acontece e que insiste em favorecer a quem está cansado de ser favorecido, A-N-O A-P-Ó-S A-N-O! Responsável por arrecadar recursos, destinar verbas, vetar, afrouxar, ceder e conter. Cabe a ele zelar pelo bem estar geral e criar políticas públicas que favoreçam a ele mesmo, digo, à população. De posse destas habilidades, este e todos os outros governos ficaram aquém do esperado quando o assunto é povo. O que abre espaço para o segundo poder.

Segundo poder: A OPOSIÇÃO
Esta, majestosa, aglomeradora da massa descontente que, EM TESE, fomenta o equilíbrio entre ideias divergentes. A oposição cresce, e cresce cada dia mais, não por mérito próprio, mas por descrédito do inimigo. O governo tanto se atrapalha que a oposição, mais atrapalhada ainda, "pega o bonde andando" e, por ajuda divina, ainda consegue "sentar na janela".

Mas, espera: se o governo não faz o que deve, e a oposição também não, por que nessa brincadeira o governo cai e a oposição sobe?
Lembra da ajuda divina? Terceiro poder!

Terceiro poder: A IMPRENSA
Com muito pesar, este blog fala mal de sua própria mãe! A imprensa, cuja função enquanto entidade pertencente a um conjunto social é a de tornar público tudo que de relevante envolve a população, deixa a desejar, E MUITO, na atribuição de suas funções. Dela, deveriam partir denúncias, apurações detalhadas, quebras de esquemas nocivos à democracia, etc. Você deve estar confuso, visto que é exatamente o que a imprensa tem se empenhado em fazer nos últimos meses.
Mas ela se vale da premissa de "imprensa para uns, silêncio para outros".

Veja (com o perdão do periódico homônimo a forma verbal): um país cuja imprensa investiga arduamente o possível envolvimento de um ex-presidente da república em esquemas de corrupção, e se "esquece" de um helicóptero, patrimônio de um certo senador, cuja carga transportada se tratava de, nada mais nada menos do que quase meia tonelada de pasta-base de cocaína, não pode se orgulhar de seu jornalismo!

Com muito desgosto, o brasileiro vai vendo se esfarelar a ideia de justiça social, crescimento inclusivo, respeito às diferenças e democracia. Nos acomodamos e aceitamos ouvir da TV o que só interessa à TV, ler no jornal o que só interessa ao jornal e, o pior de tudo, a viabilizar como verdade o que pode estar muito longe dela.

A escravidão chegou ao fim por que vários fazendeiros, de mãos dadas com a Princesa Isabel, tiveram um surto coletivo de consciência social e acharam melhor dar chance ao negro pobre? Não leitor: quando alguém concede um benefício, o concessor se beneficia muito mais que o beneficiário. Assim como quando gritam que a crise está insustentável e o país vai quebrar, é porque alguém está perdendo muito mais do que você.    

sexta-feira, 28 de agosto de 2015

Será o fim da tempestade?

A ventania que assola Brasília e leva a poeira para o resto do país parece estar se dissipando. Há algo de velado na política nacional que nos faz crer, ao mesmo tempo, que as coisas podem se acalmar, como explodir a qualquer momento. Tom Jobim, como sempre, estava certo: "O Brasil não é para principiantes." 

A julgar pela demanda de jovens gerada com a visita de Mujica ontem, à Uerj, parece que num futuro próximo podemos estar salvos da ignorância e alienação política atual. O líder uruguaio foi enfático ao dizer, em entrevista à TV Uerj pouco antes de seu encontro com o público, que estava ali para falar e para ser ouvido, não como um líder, mas um dissipador de ideias. Falou de democracia, dos bancos e, acima de tudo, deixou uma mensagem para os jovens que o ouviam. Essa mensagem parece ecoar de maneira ressonante, sobretudo no atual momento político brasileiro. 

Evitando falar da crise política interna, Mujica citou, ainda, "os aventureiros de uniforme", uma alusão aos regimes militares do continente e ao impensado e irresponsável clamor de parte das ruas para a volta do regime. 

Há, aí, um aspecto muito importante a ser analisado: o que quer o Brasil? De tempos em tempos, fica nítida a imagem de que não estamos escrevendo uma história, mas sim travando uma eterna batalha para ver quem irá segurar a caneta! Nesta semana, o ex-presidente Lula afirmou em entrevista que, se necessário, entrará na briga para que a oposição não pense que o Partido dos Trabalhadores está morto. Lula afirmou a frase acima, respondendo à pergunta de um repórter sobre sua possível candidatura ao Planalto em 2018. 

Tão importante quanto ver Lula ressurgir é analisar, com dados concretos, que a oposição também está atolada até o pescoço em corrupção. Não que isso fosse novidade para alguém, mas algumas pessoas pareciam fazer questão de tapar olhos e ouvidos para o que - de maneira latente - se mostrava. Em delação premiada, Youssef e Costa mencionaram repasse de propina ao senador Aécio Neves e ao ex-presidente do PSDB, Sérgio Guerra. 

Tamanha a repercussão negativa do nome do ex-presidenciável Aécio Neves figurar na lista dos corruptos, que o portal de notícias Uol, ligado à Folha de S. Paulo, noticiou num primeiro momento o nome do senador e, posteriormente, o substituiu por "tucanos". 

Não pode haver combate seletivo à corrupção, tampouco não se pode mitificar ou endeusar o juiz A, B ou C por estar cumprindo seu papel dentro da esfera democrática e da divisão dos poderes constituintes dessa democracia. Há algo de estranho em Moro, mas o jeito é esperar para ver. 

Enquanto essas questões "menores" se desenrolam, a novela acaba, o futebol começa, a cerveja esquenta...

Este blog ainda noticiará que a questão política brasileira tomou o interesse dos cidadãos! Não para depois, para mais tarde...para hoje!


quinta-feira, 4 de dezembro de 2014

RESQUÍCIOS DE UMA GUERRA

    Que a disputa eleitoral de 2014 não foi um mar de rosas, é notório! Um banho de sangue foi observado até pelo eleitor menos curioso e interessado. O que o país não esperava - e ainda tenta se adequar - é que a polarização permanecesse inerte ao fim do período eleitoral. De um lado a candidata vitoriosa que, incessantemente, busca apoio para promover reformas que considera necessárias ao país; e de outro, o candidato derrotado que, dada a expressiva votação recebida parece não saber muito bem qual o seu papel no atual cenário. 
    Dilma saiu enfraquecida de uma disputa onde esforços não foram poupados para destruir sua imagem de gestora e líder. Houve um sentimento nacional herdado das manifestações de 2013 que, sem sombra de dúvidas, é destinado a toda a classe política, mas faz mais estragos na atual gestão, quer seja ela. A oposição, de posse dessa vantagem automática e gratuita, não deixou passar a oportunidade de acusá-la das mais variadas mazelas. De certa forma, pode-se considerar um tiro saído pela culatra, pois a candidata se reelegeu. Mas o estrago, embora minimizado pela vitória, rendeu à presidenta duras críticas, além do fardo de supostamente "prover" males arraigados na cultura política brasileira desde a primeira caravela aportada no novo mundo.
    O papel da imprensa brasileira foi fundamental no período citado. Houve de tudo: colunista perdendo a linha e a vergonha, grandes jornais deixando transparecer o mantra político de suas redações a cada nova publicação, escândalos das mais diversas naturezas sendo revelados "nos 45 do segundo" graças ao bom jornalismo idôneo brasileiro. A ironia dispensa explicações!
   Antenado a essas questões, o Partido ao Meio foi à luta! Pesquisamos e fizemos um levantamento das capas de outubro dos dois maiores jornais do país. A análise, realizada de 05 à 26 de outubro, revelou não só a polarização, mas a necessidade de uma regulamentação da mídia cada vez mais urgente. Há uma tendência no país a tornar opiniões elitistas e minoritárias em opiniões nacionais. 
   O levantamento mostrou que em 78% das capas, direta ou indiretamente, o jornal deixa claramente exposta sua opinião política. Os dados estão disponíveis para qualquer um nos próprios sites de cada jornal.
Acessem e vejam a real necessidade de o Brasil tem de regulamentar e "ressocializar" a mídia nacional. 

sexta-feira, 31 de outubro de 2014

O INÍCIO DO DIÁLOGO ANUNCIADO

Passada a eleição, os ânimos continuam aflorados. A descrença opositora é indisfarçável e ameaça ser duradoura. Nada que seja alheio à uma democracia! O que fez e faz do Brasil ser o centro da atenção política em tempos eleitorais é a gritante perda de escrúpulos e a curiosidade. A primeira é fácil de entender, dada a repercussão de atos racistas, homofóbicos, étnicos e de toda a natureza sombria. Já a segunda é um misto de pessimismo dos derrotados com uma pitada de revanche, além do imediatismo voraz, exigido pelo mercado financeiro, que teme tudo que não pode prever.

Na quarta-feira (29) o Comitê de Política Monetária do Banco Central (COPOM - Sim, o Partido ao Meio te ajuda com as siglas!), responsável pela manutenção da taxa de juros, decidiu elevá-la em 0,25%, alcançando o patamar de 11,25%. A pergunta do leitor do blog talvez seja "e daí?"! Pois bem, é exatamente onde temos que chegar!
Na eleição o que mais se falou foi inflação, credibilidade da economia, manutenção dos empregos e salários... Errou grosseiramente quem acusou a atual gestão de não ter sabido lidar com a crise econômica mundial. O discurso, quase mantra, repetido inúmeras vezes pela então candidata Dilma Rousseff, frisava a importância de não se ter optado pelo arrocho salarial ou pelas demissões em massa - tal como ocorreu na Espanha, em Portugal, na Grécia - em prol de um modelo econômico autossustentável na medida do possível, e forte o suficiente para enfrentar tamanho problema sem repassar a responsabilidade, que é sabido, sempre caía no trabalhador! O ápice da crise passou, as eleições também! O cenário macroeconômico está se redesenhando a passos curtos, porém cautelosos. Ainda encontramos situações de dicotomia, inerentes às particularidades econômicas de cada país (como é o caso dos EUA que anuncia crescimento de 3,5% no terceiro trimestre, em contradição ao crescimento tímido de 1,2% para o ano, feito pela Alemanha), mas à grosso modo, o pior já passou! O que fez, então, o COPOM aumentar a taxa de juros, que tanto desagrada ao brasileiro? Por que fazer no pós-eleição? Seria uma tática eleitoral defender novos horizontes, mas agir com o velho conservadorismo?

Boa parte das questões apresentadas acima é resultante da enxurrada de interrogações precoces e de intenção duvidosa que nossa imprensa nos enfia, goela abaixo! Mudanças na política econômica já eram esperadas, inclusive encorajadas pela presidenta que anunciou em Setembro, em alto e bom som: "GOVERNO NOVO, EQUIPE NOVA!". Não que a equipe já tenha mudado (aliás essa é outra grande especulação política), mas é importante perceber que a maneira como se tem lidado com a crise está assumindo ares mais...responsáveis! A tentativa de conter a inflação a curto prazo encontrou na alta dos juros a maneira menos agressiva e irresponsável de atingir êxito. Ora, não precisa ser um grande especialista para entender que, aliada às medidas do COPOM, uma redução drástica nos gastos públicos seria o ideal. Mas isso envolve não só tolerância zero à corrupção e revisão de privilégios dos poderes, como também o custo de programa sociais que se mostraram extremamente válidos e benéficos às classes brasileiras historicamente menos abastadas.

Acerta quem aposta num novo mandato mais cauteloso e aberto ao diálogo. Acerta quem aposta num processo de tecnocracia da máquina pública. Infelizmente, a curto prazo é difícil imaginar resolvidos os problemas de aparelhamento de Estado, arraigados nos jardins do Alvorada muito antes da estrela vermelha brilhar no céu de Brasília. Mas a presidenta já acena e flerta com o empresariado brasileiro. Dona da fama de durona que a precede, Dilma pareceu entender melhor que seus adversários ( e isso quem confirma é o povo nas urnas) que a receita é voltar a crescer sim, mas sem abandonar tudo que se conquistou.    

quarta-feira, 8 de outubro de 2014

OS 460.000 VOTOS DE BOLSONARO

O Partido ao Meio abre espaço, ainda (e como nunca antes) em clima eleitoral, para debater as surpresas e os retrocessos da votação do último domingo. Brasileiros e brasileiras, com insaciável desejo de mudança, foram às urnas como quem vai para uma batalha. O objetivo? Renovar! O resultado? Volte duas casas e jogue o dado novamente!

Uma das grandes polêmicas eleitorais de 2014, sem dúvidas, foi a expressiva votação recebida pelo candidato a deputado federal pelo Rio de Janeiro, Jair Bolsonaro. Defendendo a manutenção do seu mandato no congresso nacional, o deputado arrebatou nada mais nada menos que 460 mil votos no estado. Número vultuoso que concedeu a esta figura controversa o posto de parlamentar mais votado do Rio. Uma liderança da classe ultraconservadora (se é que existe essa classe) que se tornou conhecido no país inteiro pela defesa intransigente de ideais pouco populares e que causam revolta, principalmente na classe liberal ligada à defesa de direitos homossexuais e humanos como um todo.

Dono de declarações polêmicas e combatente fervoroso dos que criticam o regime militar, Bolsonaro é militar da reserva e passou por diversos partidos políticos em sua vida pública, até se fixar no Partido Progressista, antigo PPB. É importante ressaltar que, por mais contraditória que pareça esta filiação, o deputado já foi peça integrante de partidos como o antigo PFL, atual DEM, cuja sigla significava “partido da frente liberal”! Ora, o que enxergar de liberal em Jair Bolsonaro? Católico fervoroso, é divorciado de sua primeira mulher, ataca constantemente políticas raciais e de inclusão social. Também se gaba de ser um ferrenho crítico ao atual governo e às políticas que promovem investigação dos crimes cometidos durante a ditadura, como a criação da Comissão Nacional da Verdade (CNV). Pai de três filhos que seguem como uma receita de bolo seus passos, soube educar e guiar a sua maneira Flávio, Eduardo e Carlos. O primeiro reeleito com mais de 160.000 votos pela câmara carioca. O segundo, dono de 82.000 votos de paulistas que lhe concederam uma cadeira de deputado federal, tal como o pai. Por último, Carlos, vereador quando ainda tinha 17 anos. Todos compartilham as ideologias do pai. Claro, não podia ser diferente!

A grande questão que o Partido ao Meio coloca em debate é a motivação de cada eleitor que, desgostoso com os rumos do país e sedento por renovação e progresso, vota em caricaturas como Bolsonaro! E bate no peito! Temos mais ultraconservadores nos cercando do que supõe nossa vã filosofia? O brasileiro, então, quer varrer do mapa gays, negros, ateus, agnósticos e, acima de tudo, progressistas que defendam o real significado da palavra?

Não podemos confundir os reais anseios da população com a alteração de ânimos provocada por uma ausência cada vez mais gritante do Estado. Isso quer dizer que o eleitor de tipos como o de Jair Bolsonaro não é tão conservador, em sua maioria! O que ocorre é que a população, cansada de tanto descaso por parte do poder público, começa a achar natural a defesa de ideias extremas que tragam uma aparente e instantânea resolução para problemas seculares. “Se as cadeias estão lotadas e as condições de vida de cada preso cada vez mais desumanas, nada mais justo que a punição máxima com quem atentou contra a sociedade”


Casos como este – e somam-se a ele Celso Russomanno, Marco Feliciano e tantos outros – escancaram uma sociedade cada vez mais perdida, desacreditada, com perigosa tendência à práticas nocivas ao estado democrático de direito e que, acima de tudo, reivindica por reivindicar! Se nossas falhas não forem corrigidas, se nossos antagonismos e diferenças sociais históricas não forem combatidos, de que adianta sair às ruas e protestar? Embora tardio e limitado à esfera do poder executivo, o segundo turno cai como uma luva para os que cogitam estudar melhor suas escolhas. Brasileiros de todos os cantos, eis a segunda chance!

sexta-feira, 3 de outubro de 2014

O DEBATE DOS ABSURDOS

Dezenove pontos no ibope foi a marca atingida pelo debate presidencial ontem, transmitido pela Globo. Uma marca boa para a faixa de horário. Um verdadeiro show, digno de uma campanha do Criança Esperança ou do Show da Virada. Valeu a pena ficar acordado e assistir talvez o único programa de utilidade pública do horário nobre!
Não que o brasileiro estivesse esperando o debate para definir seu voto - pelo menos espero que não, pois se aquele debate definiu algum voto, este se chama nulo! – mas foi, sem dúvidas, mais uma oportunidade de encarar candidato por candidato e entender o que se passa na cabeça deles, qual o tamanho da pretensão que cada um tem ou de dizer que o país está ótimo ou que está péssimo e se tem a fórmula mágica para o sucesso.
De um lado, o semi projeto da direita brasileira chamado PSDB que, desde a ascensão e consolidação do PT, vive dias de confusão mental e crise de identidade. Não sabe o que é, a quê veio, para onde vai... Atrás dos tucanos, os candidatos “mijoritários” que, sem medo de parecer leviano, acredito piamente que o único propósito de estarem ali é minar o partido da situação. Ahhh, o partido da situação! O PT, de todos estes, talvez foi o que mais sofreu com a gênese da existência política. Aliás, peço desculpas ao conceito de “gênese”! Chamar de evolução o que acontece por aqui não parece ser o mais adequado! Historicamente criado com o intuito de representar o trabalhador na política, foi alvo de subtrações de valor, e de valores($$). Um partido de ideais, cuja reputação ilibada agora beira ao ufanismo. Não destaco o PSDB com a mesma ênfase, pois ninguém se transforma numa coisa que sempre foi!

Mas vamos nos ater ao debate!  Entre aplausos infundados à gestão FHC e troca de farpas que mais pareciam pedaços de madeira inteiros, eis que num momento tenso Eduardo Jorge usa de seu direito de fala para incitar Levy Fidélix a se desculpar com a população pela fala preconceituosa no debate da Record, no último domingo. Fez o barulho que queria, mas se a intenção era ouvir a desculpa, foi muito inocente!
Daí vem o Aécio, movido a agressividade característica de um tucano que não sabe bem se caiu no ostracismo ou se ainda tem chances de sobreviver, e levanta um vigoroso dedo contra a candidata do PSOL, Luciana Genro. Esta, por sua vez, rapidamente o repreende e a situação se controla. No mais, era Dilma que se defendia e criticava o Aécio (sim, o Aécio! Das duas uma: ou o PT leu “O Segredo” e de tanto acreditar que é mais fácil enfrentar Neves no segundo turno do que Marina, já toma a possibilidade como real, ou sei lá...uma vontade de se divertir), era Aécio que dominava a arte de rir nos momentos mais impróprios, era Fidélix que interpelava Genro com uma autoridade patriarcal, vulgo esporro!

Aconteceu de tudo um pouco neste debate. Mas a única coisa pra qual ele não serviu foi esclarecer! Mente quem afirma que decidiu seu voto ontem (repito: a não ser que a decisão tenha sido pelo Macaco Tião). Domingo é dia! É evento pra reunir a família em torno do sofá e gritar gol, da janela, pra cada percentual alcançado.


Vote no domingo, faça o possível! Se é mudança que você quer, experimente focar no legislativo. Presidente não muda nada, só dá a direção! Quando dá! O brasileiro pode provar que é inteligente. Não votado no Aécio pra acabar com a Dilma, e vice-versa. Mas pra entender que mais vale uma Dilma governando do que um Tiririca “palhaçando”.